Em paralelo à campanha de vacinação contra a Covid-19, os casos da doença entre a população indígena vêm diminuindo consideravelmente. De acordo com os dados mais recentes do Vacinômetro da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), 92,24% das primeiras doses distribuídas já foram aplicadas neste grupo (18,8 mil pessoas). Em relação às segundas doses, 86,44% desta parcela populacional já receberam o reforço do imunizante (17,6 mil pessoas).

Os maiores polos de concentração de povos indígenas no Ceará ficam nos municípios de Caucaia, Maracanaú, Poranga, São Benedito, Itarema e Monsenhor Tabosa – territórios que já têm quase 100% dos povos originários vacinados.

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará, Neto Pitaguary, ressalta que os casos vêm diminuindo à medida que as pessoas vão sendo imunizadas e que é preciso continuar seguindo os protocolos de segurança, como uso correto de máscaras, álcool em gel e distanciamento social.

“Nós estamos no front do combate à esta doença e observamos que, após a vacinação, nenhum indígena precisou ser internado ou desenvolveu a doença de forma grave. E isso é muito positivo. Mas ainda reforçamos os cuidados que a comunidade precisa ter, mesmo após a segunda dose da vacina”, orienta Neto Pitaguary.

“Mesmo que não desenvolvam a doença, podem contaminar quem ainda não foi vacinado, então reforço aqui meu pedido de atenção ao isolamento, uso de máscaras e álcool em gel”, continua.

Segundo Magda Almeida, secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, a vacinação dos indígenas é importante porque cobre uma população com alta vulnerabilidade social.

“A imunização vem numa articulação própria da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), junto com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis), então é extremamente direcionada”, diz.

A articulação com os movimentos sociais e com a Sesai, de esclarecimento, avalia Magda, fez com que o Ceará tivesse uma boa adesão da população indígena para a vacinação. “Assim, eles ficam mais protegidos, rompendo a cadeia de transmissão do coronavírus”.

Na comunidade da Lagoa Encantada, no município de Aquiraz, Carline Alves, da etnia Jenipapo-Kanindé, comemora que toda a sua comunidade já foi vacinada com a primeira e a segunda doses da vacina contra a Covid-19. “É emocionante ver todo o nosso povo vacinado depois de tanto medo e incertezas. Essa pandemia ainda nos assusta muito, mas estamos vencendo ela aos poucos e com muita bravura”, frisa ela, que tem 33 anos.

Momento de confiar na ciência

Rosa Pitaguary, de 47, liderança indígena da aldeia Monguba, em Maracanaú, destaca a importância da vacinação para os povos indígenas.

“Aqui na nossa aldeia fizemos uma campanha muito grande, explicando todos os cuidados e a importância de se vacinar. Hoje estamos com quase 100% da comunidade vacinada e isso representa muito para nós. Sabemos que é resultado direto de muita conversa e esclarecimentos para que todos entendessem que este é um momento de confiar na ciência e seguir todas as recomendações das autoridades sanitárias para preservar a vida, que é o nosso bem mais precioso”, afirma.

À frente da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), Socorro França destaca que os povos indígenas são prioridade na vacinação e que também têm recebido diversas doações de alimentos desde o ano passado, para que possam enfrentar este período com dignidade e comida na mesa.

“A pandemia é um grande desafio para todos nós, mas estamos conseguindo vencer. É muito gratificante ver que as comunidades tradicionais e povos indígenas vêm sendo imunizados com rapidez e que, mesmo enfrentando uma segunda onda, nós seguimos lutando para que todos sejam vacinados e fiquem protegidos”, ressalta.

Ela também lembra que a SPS entregou, recentemente, cestas básicas à população indígena em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

“Esta semana já entregamos 1.860 cestas em comunidades indígenas. No ano passado, conseguimos distribuir quase dez mil cestas nestes territórios, além de divulgar material informativo sobre as ações de enfrentamento ao coronavírus específicas para povos e comunidades tradicionais”, destaca Socorro França.

Vacinação contra a gripe

Os profissionais de saúde que atuam dentro das comunidades indígenas também estão sendo imunizados e já começaram a campanha de vacinação da H1N1 dentro das aldeias.

“Essa campanha vem em um momento extremamente importante para assegurarmos que os mais jovens, que estão na faixa etária entre 6 meses e 18 anos, também sejam imunizados. Em caso de uma gripe comum, não precisam ir até uma unidade de saúde, correndo o risco de se contaminar com a Covid”, explica Neto Pitaguary, sublinhando a importância desta ação para gerar uma maior rapidez na identificação dos casos e evitar a proliferação do coronavírus dentro das comunidades indígenas.

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará