O Brasil já registrou 677 casos de sarampo e outros 2.724 estão em investigação, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nessa quarta-feira, 18, e que traz informações de janeiro até 17 de julho deste ano. Para comparação, em 27 de junho, quando houve a última divulgação dos dados, havia 475 casos confirmados — um aumento de 42,5%.

Ao todo, os casos ocorrem em seis estados do país — destes, a pasta considera que dois enfrentam surtos da doença: Amazonas e Roraima. No primeiro, já foram confirmados 444 casos, a maioria na capital, Manaus. Há ainda outros 2.529 em investigação. Já Roraima apresenta 216 casos confirmados — outros 160 aguardam resultado de exames. Também houve oito casos confirmados no Rio Grande do Sul e sete no Rio de Janeiro. Já São Paulo e Rondônia apresentam um caso confirmado cada.

A Pasta diz realizar medidas de bloqueio do avanço da doença nestes locais por meio da vacinação. Consideradas mais suscetíveis ao sarampo, as crianças têm tido prioridade na vacinação nestes locais, informa. O mesmo vale para adultos não vacinados que vivem em locais onde há surtos, como em Roraima e Manaus. “É importante ressaltar que não há necessidade de corrida aos postos de saúde, já que as ações para controle do surto da doença nas localidades acometidas por casos de sarampo estão sendo realizadas”, completa a Pasta, em nota.

Em outra medida, o Ministério também decidiu reativar um comitê de operações de emergência em saúde para monitorar os dados nas áreas de surto. Segundo o ministério, ambos os surtos em Roraima e no Amazonas são relacionados a uma importação do vírus que circula na Venezuela. Isso porque o genótipo do vírus é o D8, o mesmo que circula no país vizinho.

A situação, porém, ameaça o País de perder o certificado de eliminação do sarampo que recebeu da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) em 2016. Em nota, o ministério diz que tem “feito esforços para manter o certificado, interromper a transmissão dos surtos e impedir que se estabeleça a transmissão sustentada” — o que ocorre caso o surto seja mantido por mais de 12 meses.

Vacinação

Em outra estratégia de controle da doença, o Ministério da Saúde pretende realizar, entre os dias 6 e 31 de agosto, uma campanha de vacinação específica contra a poliomielite e sarampo. O público-alvo serão as crianças de 1 ano a menores de 5 anos ainda não vacinadas. A Pasta ainda não divulgou detalhes da iniciativa.

Em junho, o Jornal Folha de São Paulo mostrou que o País atingiu em 2017 os índices mais baixos de vacinação de crianças já registrados em mais de 16 anos, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações. É o caso da imunização contra o sarampo. Desde 2002, a taxa de cobertura da vacina tríplice viral, indicada a partir de 12 meses, ficava próxima a 100%. Nos últimos dois anos, caiu para 95,4% e, agora, para 83,9%.

Levantamento do Jornal Folha de São Paulo aponta também que um em cada quatro municípios tem todas as dez vacinas obrigatórias a crianças com taxas abaixo das metas de cobertura 90% e 95%. Abaixo desse índice, o governo considera que há risco de retorno de doenças no país devido ao acúmulo de pessoas suscetíveis.

Perguntas e respostas sobre o sarampo

O que é o sarampo?

É uma doença infecciosa, causada por um vírus. É grave e extremamente contagiosa. Suas complicações são maiores em crianças menores de um ano de idade e desnutridas.

Quais são os sintomas?

Manchas avermelhadas na pele, manchas brancas na parte de dentro das bochechas, febre alta (acima de 38,5°C), tosse, coriza e conjuntivite.

Como ela é transmitida?

Pelo contato direto com a secreção do doente (ao espirrar, tossir ou falar), pela mão (tocando objetos infectados e depois levando-a à boca ou nariz) e pelo ar, em ambientes fechados como escolas, creches e clínicas.

Por quanto tempo a transmissão ocorre?

De quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento das manchas na pele. O maior risco ocorre dois dias antes e dois dias depois.

Como me prevenir?

A única maneira é tomando a vacina.

O que devo fazer se sentir sintomas do sarampo?

Procure uma unidade de saúde e evite usar medicamentos por conta própria.

Como funciona o tratamento?

Não existe tratamento específico. Crianças podem ser recomendadas a tomar vitamina A para evitar casos graves e fatais. Se não houver complicações, é importante se hidratar, comer comidas leves e manter a febre baixa.

A vacina

Quem deve tomar a vacina contra sarampo?

O máximo de pessoas possível. Bebês devem receber, aos 12 meses, uma dose da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e, aos 15 meses, uma dose da tetra viral (que também protege contra catapora).

Quem não tomou a vacina quando bebê deve tomá-la depois: duas doses da tríplice viral se tiver até 29 anos de idade (com um mês de intervalo) e uma dose se tiver de 30 a 49 anos.

Por que quem tem 50 anos ou mais não precisa se imunizar?

Considera-se que pessoas com essa idade já tiveram contato com o vírus antes. Por isso, reserva-se as doses a quem tem mais risco de contrair a doença.

Quem não deve tomar a vacina?

Gestantes, bebês com menos de seis meses, pessoas com suspeita de sarampo e imunocomprometidos. Quem já teve a doença também não precisa se imunizar.

O que devo fazer se ficar grávida e não estiver vacinada?

Espere para ser vacinada após o parto. Caso esteja planejando ter um filho, assegure-se de que está protegida fazendo um exame de sangue e, se não estiver, tome a vacina ao menos quatro semanas antes de engravidar.

Quanto tempo a vacina leva para fazer efeito?

De duas a três semanas.

Não me lembro se fui vacinado, o que devo fazer?

Se tiver até 49 anos de idade, tome a vacina. A partir dessa idade, a imunização deve ser avaliada caso a caso.

Só tomei uma dose quando bebê, devo tomar outra?

Sim, a segunda dose garante que você esteja protegido. Segundo o infectologista Renato Kfouri, cerca de 85% a 90% dos pacientes respondem à primeira dose, enquanto com a segunda dose esse número aumenta para 95% a 97%. O bebê pode tomar as vacinas tríplice e tetra viral junto com outras? Sim, exceto com a de febre amarela.

Com informações do Jornal Folha de São Paulo