Entre 2009 e 2016, por meio do Programa de Recuperação Funcional, a equipe técnica do Departamento Estadual de Rodovias (DER) foi responsável pelo tratamento de aproximadamente 30% do total da malha pavimentada coberta no Estado.
Quando uma rodovia é construída, sua vida útil estimada é de 10 anos. Ao longo desse período, ela passa por processos de desgastes naturais que acabam diminuindo a qualidade, dificultando o tráfego de veículos na pista. Com o intuito de aumentar essa vida útil e revitalizar a funcionalidade das rodovias, existem algumas intervenções que podem e que normalmente são realizadas, tais como: conservação rotineira, recuperação funcional e obras de restauração.
A restauração envolve grande investimento e complexo processo de reconstrução. A recuperação funcional, por sua vez, possibilita, a um custo inferior que os das obras de restauração, prolongar a vida útil do pavimento em média de cinco anos, além de diminuir os gastos com a conserva rotineira da rodovia (intervenções do tipo tapa-buraco e remendo profundo).
A recuperação funcional consiste em pequenas obras feitas dentro das rodovias, com o objetivo de rejuvenescer o pavimento, recuperando assim suas funcionalidades. Trata-se de uma manutenção preventiva feita antes de ocorrer o desgaste total, adiando a necessidade de restauração. O processo ideal é posto em prática quando determinado trecho atinge a situação regular, normalmente entre seis e oito anos. As principais soluções de recuperação funcional envolvem os trabalhos de aplicação de microrrevestimento e/ou recapeamento asfáltico.
“Ela é feita com o propósito de retardar o envelhecimento. É como o ser humano. Você toma às vezes determinadas precauções para poder viver mais. A rodovia se desgasta, muitas vezes, por problemas de solo, falhas no projeto, ganhando alguns pontos críticos. Resolvemos ali, dando novo revestimento, um revestimento fino, capaz de dar à rodovia as mesmas funcionalidades de quando ela foi aberta ao tráfego”, explica o gerente da Gerência de Planejamento Rodoviário (Gepla) do DER, João Bosco.
Desde 2009, a Recuperação Funcional já foi aplicada em mais de 2.020 quilômetros de rodovias estaduais. Considerando a malha pavimentada conservada pelo Estado de 7.558 Km, pode-se dizer que aproximadamente 30% dessas rodovias passaram por esse Programa. É importante ressaltar que o Departamento Estadual de Rodovias – DER, através de sua Diretoria de Planejamento (Dipla), monitora continuamente esses trechos com o intuito de melhorar os critérios de escolha; identificar insucessos, para que estes não sejam repetidos; e catalogar uma base de dados passível de avaliação e validação das metodologias e soluções aplicadas.
“Quando uma rodovia é construída, ela tem uma vida útil de, geralmente, dez anos. É a vida de projeto da rodovia. Quando você faz a intervenção em um segmento rodoviário depois desse prazo, é um investimento caro (restauração em torno de R$ 800 mil por quilômetro). A recuperação funcional custa de R$ 100 mil a R$ 270 mil”, pontua Bosco.
O Programa de Recuperação Funcional começou em alguns pontos aleatórios do Estado para realização de testes. Em 2011, após inverno rigoroso, foi necessário um programa emergencial de intervenção nas rodovias. O que se viu na época, segundo relatório da Diretoria de Planejamento Rodoviário do DER, foi que o procedimento se encaixava perfeitamente, pois era um custo baixo, numa velocidade de execução rápida comparada com uma obra de restauração.
Os trechos selecionados para o programa são escolhidos principalmente por estudos de campo do corpo de engenharia do DER, tais como o Levantamento Visual Contínuo (LVC), Índice de Irregularidade Longitudinal (IRI), Índice de Deflexão do Pavimento (Falling Weight Deflectometer -FWD) e da base de dados do Sistema Integrado de Gestão da Manutenção (SIGMA).
Levantamento Visual Contínuo
O Departamento Estadual de Rodovias (DER) tem realizado de forma anual o estudo do Levantamento Visual Contínuo (LVC) nas estradas cearenses. O trabalho consiste na avaliação da condição da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos, e ocorre a partir do mês de setembro (após concretização da quadra chuvosa).
O LVC é realizado por engenheiros treinados a bordo de um veículo equipado com instrumentos adequados. De metro em metro, numa velocidade de 40km/h, são registradas fotos para análise por computador de cada trecho do capeamento das malhas.
Os objetivos do estudo são: verificar o grau de deterioração do pavimento, servir de base para indicar a intervenção apropriada, ser um dos fatores para análise da priorização de investimentos, fornecer subsídio para elaboração de equações de comportamento dos defeitos, indicar níveis de esforços para o subsistema, Sistema de Administração da Conservação e calibrar os níveis de esforços.
Através de dados levantados no estudo do ano passado, foi possível detectar que o Estado conta com 72,63% (5.504,58km) da malha rodoviária em estado bom, 17,62% (1.335,41km) em estado regular, 7,83% (593,43) em estado ruim e 1,92% (145,52km) em estado péssimo.
A pesquisa de campo do LVC é realizado entre setembro e outubro, quando a equipe sai no carro adaptado (com sistema informatizado capaz de detectar cada irregularidade das estradas) para coleta das informações. Em novembro, a equipe do DER realiza o levantamento, para em dezembro finalizar a apresentação.
Com informação da A.I