Um profissional de saúde residente do município de Icó é a primeira pessoa a ser identificada como transmissão comunitária da variante Delta do coronavírus no Ceará, visto que não foi possível detectar a cadeia de transmissão. A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) recebeu, na última segunda-feira (9), o resultado do sequenciamento genômico da amostra de RT-PCR do paciente e iniciou o monitoramento e a investigação para compreender as circunstâncias da infecção. Segundo informado pelo investigado, ele não viajou recentemente para fora do Ceará nem teve contatos com viajantes.
O caso serve de alerta para a população para retomar ou reforçar os cuidados sanitários básicos para evitar a transmissão viral de Covid-19, como uso de máscara, álcool 70%, higiene constante das mãos, evitar aglomerações e viagens. A Sesa recomenda que a mobilidade intermunicipal, entre as cidades cearenses, seja reduzida somente para casos estritamente necessários.
Até o momento, a Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ceará, em cooperação com o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) – equipamentos da Sesa – identificou 16 casos de variante Delta no Estado, sendo 15 de transmissão importada (por viajantes de outros estados brasileiros) e esta transmissão comunitária do profissional de saúde de Icó, município distante cerca de 360 km de Fortaleza.
Contenção
Como forma de identificar e conter a alta transmissão da variante que surgiu na Índia e que inspira maior preocupação nesta fase da pandemia de Covid-19, a Sesa reforça e incentiva os municípios a intensificar as barreiras sanitárias no Estado. Atualmente, o Centro de Testagem de Viajantes, instalado no Aeroporto Internacional de Fortaleza – Pinto Martins, testa 20% dos passageiros que desembarcam no local. Também estão funcionando centros de testagem no aeroporto de Aracati e na rodoviária de Barbalha.
Os pacientes positivados no teste rápido são imediatamente orientados a cumprir autoisolamento de 14 dias. As amostras positivas no antígeno e no RT-PCR são encaminhadas para sequenciamento genômico. Também é recomendada a autoquarentena de duas semanas para passageiros e tripulantes dos voos com pessoas positivadas no desembarque, mesmo que estejam assintomáticas ou apresentem testes negativos. O voos são divulgados diariamente nas redes sociais da Sesa.
Decisão judicial
O Governo do Ceará, representado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), teve acatado, nesta quarta-feira (11), pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), o pedido para adoção de medidas para impedir a propagação de variantes do coronavírus pelo fluxo de viajantes, exigindo comprovação de exames ou de vacinação contra a doença antes do embarque aéreo.
Conforme a decisão judicial, em tutela de urgência, União e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) devem somente autorizar o embarque em voos provenientes de outros estados do País com destino ao Ceará e desembarque de voos particulares – quando não for possível a aferição no embarque – de passageiros que apresentem uma das duas condições: comprovante de esquema vacinal completo ou resultado negativo de exame de antígeno ou RT-PCR realizado em até 72h antes do do voo.
Vacinação em massa
Outra medida que é apontada como eficaz para conter a mutação de cepas e o avanço de novas variantes do coronavírus é a vacinação em massa. O Ceará atingiu nesta quarta (11) a marca de seis milhões de doses aplicadas. A aplicação das doses tem sido uma prioridade do Estado.
Em 25 de agosto, o Instituto Butantan deve entregar três milhões de doses extras da CoronaVac, compradas pelo Governo do Ceará para garantir a meta da Sesa de aplicar a dose inicial em toda a população adulta até o fim deste mês.