O Ceará é hoje um Estado fundamental para o tráfico de drogas no país. Sua posição estratégica tanto para os Estados Unidos como para a Europa fez com que fosse escolhido pelo tráfico nacional para ser a porta de entrada e saída da droga no país. A informações são do site UOL.
A morte do primeiro nome Primeiro Comando da Capital (PCC) fora de um presídio, o “Gegê do Mangue” e seu comparsa na semana passada motivaram o envio, pelo governo federal, de força-tarefa ao Estado e levaram o ministro da Justiça, Torquato Jardim, a afirmar que o Estado é estratégico para o tráfico de drogas, de forma que “quem conquistar o Ceará, conquista o Nordeste.”
O interesse pelo Estado começou no final da década passada, quando o trabalho das polícias coibiu com mais rigor a entrada de drogas pela tríplice fronteira, no Paraná, especialmente as vindas do Paraguai. Os traficantes então passaram a usar outro trajeto para trazer e distribuir drogas em território brasileiro.
Com isso surgiu então a rota Solimões, trajeto que corta o Norte, para ingresso de drogas no Brasil vindas especialmente da Bolívia –o domínio dessa rota é um dos pontos-chave do desentendimento entre as facções FDN (Família do Norte) e PCC (Primeiro Comando da Capital). O ponto de escoamento e distribuição dessa droga é justamente o Ceará –de onde os entorpecentes são distribuídos para Europa e para outros Estados do país.
O cenário de violência no Estado traz indícios da relevância da região para o crime organizado. Em menos de dois anos, nomes importantes do tráfico de drogas nacional e até internacional foram presos ou mortos em território cearense. Um deles foi Alejandro Camacho Júnior, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC. Alejandro foi preso em Fortaleza pela Polícia Federal em março de 2016.
Em dezembro daquele ano, foi a vez de Chepa, grande traficante mexicano, ser detido no Ceará. Ele era apontado como um dos três líderes do cartel mexicano de drogas “Jalisco Nova Geração” – a CJNG, considerado o mais violento do país. Ele estaria de férias com a família, segundo a versão oficial, mas a suspeita é que ele prospectava mercado de drogas no Ceará.
Localização é fator determinante para compreender a ascensão do Ceará na geografia do tráfico de drogas no país.
O interesse pelo Ceará pode ser visto pela presença atípica de quatro facções na disputa por cooptação de presos e espaço. Além do PCC, há no Estado integrantes do CV (Comando Vermelho), GDE e FDN. A realidade é diferente dos outros Estados, onde há normalmente domínio de uma facção (como ocorre com o PCC em São Paulo) ou disputa de no máximo duas facções.bA guerra entre facções foi decisiva para que o número de assassinatos no Estado batesse recorde em 2017, com 5.134 mortes. Em duas décadas, esse índice cresceu 545%.
Uma diferença marcante do PCC para facções locais é o poder de fogo, com oferecimento de armas e estrutura para o crime. Gegê, por exemplo, tinha a seu dispor um helicóptero com o qual viajava para a Bolívia. Joias e carros e casas de luxo também são marca dos líderes do grupo.
Na segunda-feira (19), o secretário de Segurança Pública do Ceará, André Costa, disse que o Estado está sendo modelo no plano nacional de atuação contra as organizações criminosas.
O problema dessas facções ultrapassa as divisas dos Estados. Nenhum Estado de forma isolada vai combater [facções]. É necessária a participação da União e suas polícias e estamos aqui para criar um projeto-piloto.