O Ceará é o 4º estado em que mais há pessoas passando fome no Brasil. São 2,4 milhões de cearenses nesta condição, de acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan). No Estado, 81,9% das famílias estão enfrentando algum nível de insegurança alimentar.
Para mudar esse cenário, o Governo do Estado tem trabalhado no programa “Ceará Sem Fome”. As cozinhas que fazem parte da ação chegaram à marca de mais de 50 mil refeições distribuídas diariamente, nesta terça-feira (17), o que corresponde a mais de 50% da meta diária das Unidades Sociais Produtoras de Refeições, que é de 100 mil alimentações prontas para pessoas que estão em extrema pobreza.
A informação foi dada pela primeira-dama e presidente do Comitê Intersetorial de Governança do Programa, Lia de Freitas, durante a sua participação na 7ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, com o tema: “Erradicar a fome e garantir direitos com comida de verdade, democracia e equidade”.
Em sua fala durante a abertura do evento promovido pelo Governo do Ceará, através da Secretaria da Proteção Social (SPS), e que ocorre até esta quarta-feira (18), na Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace), Lia destacou que são mais de 50 mil pessoas se alimentando com comida de qualidade, proporcionando mais segurança alimentar e nutricional para aqueles que se encontram em insegurança alimentar grave.
“O Ceará Sem Fome está nos 184 municípios através do Cartão Ceará Sem Fome. Além disso, está atendendo mais de 50 mil pessoas, que estão recebendo refeições prontas, de qualidade, diariamente, por meio da rede de cozinhas. Estamos com mais de 500 cozinhas em funcionamento até o momento e a nossa expectativa é de chegarmos a 1.298 unidades”, destacou.
De acordo com o monitoramento feito pela equipe técnica do Ceará Sem Fome, essa importante frente do programa conta, hoje, com 598 cozinhas, totalizando 56.822 pessoas atendidas. São 268 unidades em Fortaleza e 328 no interior. Esse número é atualizado a cada dia, em razão do início das atividades de novas cozinhas. Já são mais de 50 municípios atendidos.
Mãos que fazem o alimento
Entre tantas pessoas envolvidas na produção de refeições nas Cozinhas Ceará Sem Fome, uma delas é a dona Maria de Jesus de Lima, de 55 anos. Conhecida por Dona Hélia, ela é responsável por uma cozinha na comunidade de Nova Jerusalém, em Itapipoca. Na região da zona rural do município, a unidade iniciou seu funcionamento no dia 28 de setembro dentro do programa, mas Dona Hélia já realiza um trabalho junto à população mais carente há pelo menos cinco anos.
Ela conta que começou quando se deparou com crianças, que moravam na região, alimentando-se de uma mortadela estragada. “Eu trouxe eles para casa, fiz uma panela de sopa de feijão e dei a eles. Daí eles se acostumaram a todo os dias virem buscar. Eu acabei me endividando e não aguentei mais fazer (as refeições). Mas aí comecei a pedir na porta de um e de outro. Comecei a mostrar como eram as situações e os comerciantes foram doando os alimentos e outras pessoas também. Todo mundo foi me ajudando. Então, todo sábado eu faço uma sopa”.
Por fim, dona Hélia comenta sobre a alegria de agora produzir refeições todos os dias. “Agora, com o Ceará Sem Fome, todo dia eu vou fazer comida para eles. É uma alegria muito grande, porque eu tenho mais ajuda para dar comida a quem precisa”, finaliza sorridente.