Partidos de centro esquerda buscam um reagrupamento diante da nova realidade do cenário político no País. A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência trouxe uma “onda conservadora” ao pais. A ideia após o fracasso nas urnas é o surgimento de novas composições partidárias. As siglas de esquerda tentam sobreviver à cláusula de barreira, dispositivo que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um determinado porcentual de votos.
O primeiro movimento foi do PPS, presidido por Roberto Freire. A legenda realiza em meados de janeiro um congresso extraordinário para mudar de nome, estatuto e se integrar aos grupos de renovação política Agora, Livres e Acredito.
A Rede, partido da presidenciável derrotada Marina Silva, e que elegeu apenas um deputado federal, negocia com o próprio PPS e pode integrar o novo partido.
Segundo Freire, a Rede foi convidada a indicar delegados para o congresso do PPS em janeiro. Se optar por não se fundir, a Rede perderá o acesso ao Fundo Partidário e tempo de televisão.
O avanço do governador eleito de São Paulo, João Doria, sobre a executiva do PSDB – que será renovada em maio – também levou tucanos derrotados nas urnas a pensar em alternativas. O tema foi debatido em um jantar no apartamento do senador Tasso Jereissati (CE) na terça-feira passada. Estavam presentes o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, e os senadores Ricardo Ferraço (ES) e Cassio Cunha Lima (PB).
No encontro, Alckmin e Tasso avaliaram que a permanência no PSDB ficaria insustentável se Doria levar à frente seu projeto de aproximação com o governo Bolsonaro. Doria classifica a aproximação com Bolsonaro como pacto de “atuação e solidariedade”. Segundo ele, não se trata de “fazer adesão ao governo, mas a defesa do Brasil”.
Partidos de esquerda também avaliam a formação de uma frente de oposição. Isoladamente, têm de lidar com a questão da cláusula de barreira. O PCdoB, que elegeu nove deputados em oito Estados, vai incorporar o PPL (que fez apenas um deputado) para manter a estrutura partidária, direito à liderança no plenário e indicações para comissões na Câmara a partir do ano que vem. Com os votos do PPL, partido que lançou João Vicente Goulart à Presidência, o PCdoB supera o 1,5% dos votos em nove Estados e ultrapassa a cláusula de barreira.
O PCdoB também negocia a participação em um bloco com PDT e PSB na Câmara. Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, o objetivo é fazer oposição ao governo Jair Bolsonaro sem a hegemonia do PT.
O candidato derrotado pelo PDT à presidência da República, Ciro Gomes, já iniciou s negociações na formação desse bloco de esquerda em uma reunião com a presidente da Rede, Marina Silva.
COM ESTADÃO