Os acidentes por animais peçonhentos representam um importante desafio para a saúde pública no Brasil. Devido à rica biodiversidade e ao clima tropical favorável, o país abriga uma grande variedade de serpentes, aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos, cujas picadas ou mordidas podem resultar em graves consequências para a saúde humana. Em 2023, dos cerca de 340 mil acidentes registrados envolvendo animais peçonhentos, mais de 200 mil foram ocasionados por escorpiões.
“A expansão da ocorrência de espécies bem adaptadas à convivência humana, o avanço desordenado da ocupação humana e as alterações climáticas, temas associados à abordagem ‘Uma Só Saúde’, estão ligados ao crescente aumento dos acidentes escorpiônicos no Brasil. O que evidencia a importância dessa abordagem para a formulação de políticas públicas voltadas para o escorpionismo”, explica Francisco Edilson Ferreira, coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde.
Os escorpiões injetam veneno por um ferrão na ponta da cauda. O acidente com pessoas ocorre quando se encosta no animal, geralmente a mão ou o pé. São encontrados em ambientes habitados pelo homem, principalmente nas cidades. Podem esconder-se próximos às residências, terrenos abandonados com entulhos, em materiais de construção, embaixo de pedras, matos, lixo, lenha, tijolos, telhas etc.
Nas residências são comuns nas saídas de esgoto, ralos e caixas de gordura. Procuram locais escuros e se alimentam principalmente de baratas. Por isso a importância de se combater o aparecimento desses insetos, que são atrativos dos escorpiões.
Antiveneno no SUS
Soros antivenenos para picada de animais peçonhentos são atualmente produzidos pelo Instituto Butantan e distribuídos, exclusivamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A cada ano, são encaminhados cerca de 600 mil frascos ao Ministério da Saúde, que repassa aos estados após avaliação epidemiológica. Estes últimos transferem aos municípios e seus hospitais públicos, filantrópicos ou privados, desde que seja garantido o tratamento sem custo ao paciente.
O Butantan é o maior produtor de soros antiveneno do país. Ele produz 8 tipos de soros contra picadas de cobras, escorpiões e lagartas, além de soros para tratamento do botulismo, raiva, tétano e difteria, totalizando 12 tipos diferentes de soros.
A linha de produção dos soros antiveneno do Instituto é certificada em Boas Práticas de Fabricação (BPF) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É o décimo maior fabricante mundial de vacinas em doses distribuídas e em valor, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e o maior produtor da América Latina.