Choro de Luiz Otávio

As cenas registradas na tarde e noite deste domingo na Arena Castelão mancham a imagem do Ceará Sporting e frustram os torcedores que, pelo amor e pela admiração à camisa do seu clube, insistem em sair de casa para assistir a uma partida de futebol no estádio.

Travestidos de torcedores, os vândalos colocaram em risco a vida de milhares de pessoas de bem que fazem do futebol um caminho para o lazer e a diversão. A maioria faz a diferença para construir o melhor do esporte mais popular do Brasil, mas outros entram na direção contrária para tumultuar o espetáculo.

As cenas lastimáveis ficam na memória dos torcedores, de crianças que, aos prantos, se agarravam aos pais para se proteger da violência e do vandalismo. Pais agarravam os seus filhos para protegê-los da selvageria. Triste! Um domingo com péssimo exemplo no futebol brasileiro.

Símbolo da atrocidade de alguns, da fúria raivosa e injustificável de torcedores que tentaram agredi-lo, o jogador Luiz Otávio, do Ceará, não se conteve e se derramou em lágrimas ao presenciar, com incredulidade, tanto irracionalidade.

Luiz Otávio foi cercado por torcedores, ouviu gritos, protestos, sofreu empurrões e saiu de campo chorando. As lágrimas comoveram quem acompanhava o jogo pela televisão e, certamente, bateram o coração de alguns torcedores que tentaram, também, salvar o atleta alvinegro de ataques mais irados dos furiosos.

Os atos de violência desestimulam a ida ao estádio de futebol que ainda sonha com uma tarde de lazer ao lado dos filhos e da família.

As cenas deste domingo são, porém, desanimadoras para quem alimenta esse sonho. E, nessa lista, estou eu: ao lado do meu filho, 7 anos, me preparei para ir ao jogo Ceará X Cuiabá, mas uma reflexão sobre possíveis protestos me prenderam em casa.

Tive receio do que aconteceria mais tarde. Vi tudo pela televisão e, com lágrimas nos olhos, me imaginava no meio de tanta confusão e violência. Ao final deste domingo, um único sentimento: alívio total por estar em casa com os meus filhos. Tristeza por me colocar na pele dos pais que levaram as crianças ao estádio. Triste! Triste!