Cumprindo o primeiro prognóstico divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a chuva no mês de fevereiro ficou 30% acima da média histórica. Até esta quarta-feira, 28, foram registrados 154 milímetros (mm), quando a média histórica é 118 mm.
Segundo o supervisor da unidade de tempo e clima da Funceme, Raul Fritz, esse volume é resultado da atuação da zona de convergência intertropical e das boas condições atmosféricas e oceânicas atuais. A zona de convergência iIntertropical é o principal sistema meteorológico que atua no Ceará entre os meses de fevereiro e maio, que formam a chamada quadra invernosa.
Embora abundantes, as precipitações ainda não significaram aporte nos principais reservatórios do estado, mas formam uma etapa importante para isso, explica Fritz. “Essas primeiras chuvas umedeceram o solo, que estava muito seco. É preciso haver saturação desse solo para que a água escorra para os rios. De qualquer forma, as chuvas de fevereiro representaram um início favorável, e esperamos que elas continuem.”
A expectativa é que o mês de março, considerado o mais chuvoso do ano, também tenha precipitações acima da média histórica, de 203 mm.
A região sul do estado, onde estão as bacias hidrográficas que contribuem para o aporte de água nos três principais reservatórios do Ceará (Castanhão, Orós e Banabuiú) também recebeu um bom volume de chuva em fevereiro.
Mesmo com o prognóstico positivo, o Conselho de Recursos Hídricos do Ceará decidiu poupar o volume remanescente do Castanhão, o maior reservatório de usos múltiplos do Brasil, que está com apenas 2,31% do volume total. Inaugurado em 2004, o Castanhão tem capacidade de armazenar 6,7 bilhões de metros cúbicos (m³) de água.
Resolução do órgão determinou a suspensão da alocação complementar de água para a região metropolitana de Fortaleza até o fim da quadra invernosa e a redução em 30% do volume destinado à irrigação.
Tais destinações já estavam reduzidas desde meados do ano passado, que foi o sexto ano seguido de seca no estado. O Castanhão vinha contribuindo com apenas 10% da água para o consumo das famílias que moram na região metropolitana. Os 90% restantes são oriundos de reservatórios localizados na própria região. Já na irrigação, a restrição estava em 70%.