O senador Cid Gomes (PDT-CE), em entrevista ao portal UOL na manhã desta quarta-feira, afirmou que a posição de Ciro Gomes, de suspender a pré-candidatura à presidência por causa dos votos de deputados do PDT a favor da chamada PEC dos Precatórios foi racional, pensada e contribuiu para avanços na matéria. Ao mesmo tempo, ele sustentou que a proposta, aprovada pela Câmara dos Deputados, deverá ter um tratamento diferente no Senado, onde os diversos assuntos do texto poderão ser apreciados separadamente.
Durante uma hora, Cid conversou com os entrevistadores Fabíola Cidral, Josias de Souza e Leonardo Sakamoto sobre o cenário eleitoral, as perspectivas de votação da PEC dos Precatórios e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendendo as emendas de relator do “Orçamento Secreto”. Para ele, a decisão do STF foi “um freio de arrumação”, um aviso para que não se faça da discussão do Orçamento um espaço de cooptação e que é preciso haver transparência.
Cid dedicou boa parte do tempo a explicar a posição do PDT na questão dos precatórios (dívidas de órgãos públicos com pessoas e empresas, já transitadas em julgado e cujo pagamento é obrigatório). Segundo ele, o que houve na Câmara foi a inclusão de assuntos diversos no texto da proposta de emenda, por parte dos apoiadores do Governo, para facilitar sua aprovação. Disse também que o PDT participou de negociações a respeito da PEC, com vistas à “redução de danos” e melhoria na proposta, mas que Ciro não estava a par disso.
Depois da suspensão da pré-candidatura, os deputados do PDT mudaram o voto no segundo turno, em uma decisão corajosa, que fortaleceu Ciro. Segundo Cid, os cinco pedetistas que ainda mantiveram seu apoio já manifestaram a intenção de deixar o partido tão logo a legislação permita.
PEC no Senado
Cid acredita que o Senado vá se debruçar sobre o tema com profundidade, seriedade e transparência, destacando o que é urgente, o que é assunto orçamentário e o que deve ser objeto de outros tipos de proposição. Ele lembrou que ontem mesmo o Senado aprovou, por unanimidade, a inclusão da renda básica à população mais vulnerável como política permanente, “e não como uma ajuda demagógica, com data para terminar”.
Ciro no segundo turno
Ao analisar o cenário eleitoral, Cid comentou que, na sua avaliação, Lula tem lugar garantido no segundo turno e que, com Ciro Gomes chegando a cerca de 15% nas intenções de voto por volta de maio, ele será o vencedor, desbancando o ex-presidente. Lula, segundo ele, acredita que ganha se o adversário for Bolsonaro e vice-versa, mas que há um sentimento majoritário na população contra o atual presidente. “E não vai ser emenda de relator ou Bolsa disso ou daquilo que vai mudar isso”, afirmou.
Cid contou ter dito a Lula que “quem ganhar, vai precisar do outro”. Indagado se a postura mais agressiva de Ciro contra o PT não prejudicaria essa aliança, disse que uma coisa é o discurso do irmão; outra, o seu papel de “fazer pontes”. São projetos nacionais diferentes – acrescentou, lembrando que, no Ceará, os dois grupos são aliados há mais de 20 anos.
Respondendo sobre a possível candidatura do ex-juiz Sérgio Moro, Cid Gomes afirmou que não o vê tirando votos de Ciro. Elencou fragilidades da posição de Moro, dizendo que sequer acredita que ele será mesmo candidato à Presidência.