Terceiro colocado na disputa presidencial deste ano, Ciro Gomes (PDT) retomou os ataques ao PT, que terá a maior bancada na Câmara dos Deputados a partir de 2019, numa tentativa de demarcar espaço na oposição ao Governo Jair Bolsonaro (PSL).

Sem citar o partido de Fernando Haddad, candidato derrotado no segundo turno, Ciro deu os primeiros sinais de que não pretende deixar com que os petistas tenham protagonismo na oposição ao governo que assumirá o País em 1º de janeiro.

Após ter dito durante a votação do segundo turno que não faria campanha ao lado do PT “nunca mais”, Ciro enrijeceu o discurso. “Essa oposição que nasce não se confunde com forças que só defendem a democracia ao sabor de seus interesses mesquinhos ou crescentemente inescrupulosos ou mesmo despudoradamente criminosos”, disse o ex-presidenciável numa rede social.

Ao destacar que pretende ocupar papel de oposição a Bolsonaro, principalmente se o presidente descumprir o respeito prometido às normas constitucionais, Ciro aproveitou para reforçar o tom crítico com que vinha se referindo ao PT desde que voltou ao Brasil na semana passada. O partido, mesmo assim, esperava dele um apoio à candidatura de Fernando Haddad, o que não aconteceu e levou petistas a criticarem Ciro.

Também pela internet, depois de parabenizar e desejar sorte a Bolsonaro, o político deu o tom que pretende adotar daqui para frente em relação ao novo governo. “Que não pense o senhor presidente eleito, nem de longe, em violar o respeito que deve ao conjunto da nação, independentemente de configurarem minorias ou grupos sociais críticos às suas posturas. Só assim merecerá o respeito à autoridade que adquiriu nas eleições”.

A relação do PT com Ciro deve ser marcada por rusgas nos próximos anos. No domingo, 28, integrantes da direção do PT já acusavam o então candidato derrotado no primeiro turno pelo PDT de ter contribuído para a vitória de Bolsonaro ao colocar conveniências pessoais na frente dos interesses do país.

“Ciro perdeu uma oportunidade de se consolidar com uma liderança política nesse campo da esquerda. Foi egocêntrico e pensou no processo (eleitoral) de 2022”, disse Márcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT.

Macedo entende que o pedetista fez um cálculo político errado porque “se Bolsonaro colocar em prática o que vem defendendo o País não terá as instituições com a liberdade que tem hoje”. “Líder não tergiversa nos momentos difíceis e ele tergiversou. Ele botou os interesses no lugar dos interesses do país”.

Tesoureiro do PT e um dos coordenadores da campanha de Fernando Haddad, Emídio de Souza também atacou Ciro. “Ele contribuiu para esse resultado. Fez isso porque quer liderar a oposição. Porque ele quer ser candidato a presidente em 2022. Na minha opinião, colocou o interesse pessoal dele nas frentes dos interesses do país e da grave crise democrática que nós ameaça”.

No domingo, Ciro já havia reagido às críticas feitas pelo PT por não ter dado apoio explícito a Haddad. Ao votar, em Fortaleza, disse que não estava neutro, apenas não pretendia fazer campanha com o PT. “Se depender de mim, PT nunca mais. Meu caminho é o de fazer oposição, temos que desarmar essa bomba odienta que se instalou no país, essa polarização”, disse o ex-presidenciável, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

Com informações do Jornal O Globo