O ex-presidenciável Ciro Gomes expõe frustração com os rumos políticos do País, reconhece que está isolado, reafirma indisposição para disputar novas eleições e, ao ser abordado sobre a crise interna que implodiu o PDT no Ceará, diz que não brigou com o irmão Cid, mas foi Cid, conforme enfatiza, que o abandonou.

Em entrevista publicada, neste domingo, pelo Jornal O Globo, Ciro volta a falar sobre as críticas que fez a senadora Janaína Farias, a quem chamou de cortesã e assessora para assuntos de cama, lamenta o rumo que as suas declarações tomaram e afirma que, em nenhum momento, foi machista. Fez a crítica a Janaína, segundo ele, para mostrar o despreparo da segunda suplente para assumir o mandato no Senado. O assunto ganhou destaque no Bate Papo Político com o jornalista Beto Almeida no Jornal Alerta Geral desta segunda- feira (27).

MÁGOA E TRAIÇÃO

Sobre a relação com o irmão Cid Gomes, senador que trocou o PDT pelo PSB, Ciro responde ao questionamento da reportagem do Jornal O Globo de que teria começado a briga com um histórico da relação entre ambos e revela mágoa e sentimento de traição:

‘’Lancei o Cid como candidato e me tornei inelegível no Ceará por força da lei, aos 50 anos. Eu era unanimidade no estado. De repente, comecei a ter aresta. Todas para defender o Cid. Na última eleição, fui abandonado por todo mundo e por ele também. Fui eu quem briguei? Nunca briguei com ele. Nunca trocamos uma palavra áspera na vida’’, afirma Ciro Gomes.

Ciro faz outros relatos que retratam o descompasso político com o irmão ao recordar que, antes da crise do PDT, fez um apelo a Cid sobre a disputa ao Governo do Estado, mas não foi atendido: ‘’Simplesmente eu fui lá e pedi a ele: “Não faça isso, você está me abandonando, e eu estou sozinho”. Cid, ao lado de Camilo Santana, defendia a candidatura de Izolda Cela, enquanto Ciro lançou o ex-prefeito Roberto Cláudio.

RESPOSTA NEGATIVA

Ciro disse, ainda, que pediu a Cid para coordenar a sua campanha, mas recebeu como resposta um não. Sobre o futuro da relação, Ciro revelou a mágoa: ‘’ Não. Não quero mais. Traição e ingratidão, sabe?’’ Em outro ponto da entrevista, ao falar sobre debandada no PDT, o ex-presidenciável classifica essa interpretação como bobagem:

‘’Isso é tudo bobagem. Essa debandada não é para o Cid, que está hospedado no partido (PSB) que é presidido pelo pai do Camilo, que é do PT. O destino de todos os políticos é o ocaso. A diferença minha é que eu sei disso e estou pronto. Sabe por quê? Porque sou desapegado’’, comenta o pedetista. Sobre o cenário político nacional, Ciro confessa que está isolado e lamenta ser ‘’um amante não correspondido pelo Brasil”.

CRÍTICAS A JANAÍNA

Mesmo após a decisão da Justiça de proibí-lo de repetir ofensas à senadora Janaína Farias e impor, por danos morais, uma condenação de R$ 30 mil, Ciro não se furtou, na entrevista ao Jornal O Globo, a falar sobre o assunto e explicar o que ele considera de confusão que o envolveram:
‘’Uma confusão que fizeram comigo, argumentando misoginia. Durante uma entrevista de 47 minutos, fiz uma denúncia contra o ministro da Educação (Camilo Santana) por dois minutos. Não foi contra a cidadã. Foi contra o ministro, que manipula de forma absolutamente patrimonialista e corrupta o Ceará. Um monstro que ajudei a criar. Ele nomeou a primeira suplente para uma dessas secretarias para dar passagem à segunda suplente (Janaína Farias). Faça quatro perguntas básicas a ela sobre geografia, economia, demografia do Ceará…Você vai ver. Se fosse um homem, seria a mesma coisa. Mas, por ser mulher, não pode’’, expôs Ciro.