O Ministro da Previdência Social e presidente licenciado da Executiva Nacional do PDT, Carlos Lupi, falou, pela primeira vez, sobre os desdobramentos da nova crise no partido que eclodiu no 2º turno da disputa pela Prefeitura de Fortaleza e afirmou que o ex-presidenciável Ciro Gomes só deixa a legenda se quiser. Lupi admite, porém, que, com a reaproximação entre PDT e PT no Ceará, Ciro terá dificuldades.
‘’ O Ciro só sai do partido se quiser’’, afirma Carlos Lupi, ao destacar a relação de ‘profundo carinho e amizade’ com o ex-presidenciável.
Ao ser questionado pelo Jornal O Globo sobre um movimento de deputados federais para Ciro deixar o PDT, Lupi o defendeu e lamentou que ‘’as pessoas só querem lembrar do que ele (Ciro) fez na última eleição’’ e esquecem que, em 2028, Ciro ajudou o partido a eleger 27 deputados federais.
Quando perguntado se, com a reaproximação do PDT com o PT, Ciro deixaria a sigla, Lupi tergiversou, mas admitiu desconforto para o ex-presdienciável: ‘’Só perguntando a ele. Acho que isso vai criar uma grande dificuldade (para Ciro). Vamos esperar até o final do ano para ver como vai avançar’’, observa.
RACHA INTERNO E NOVA CRISE
Com a derrota do prefeito de Fortaleza, José Sarto, no 1º turno, o PDT rachou e, no 2º turno, o grupo do ex-prefeito Roberto Cláudio, integrado por três deputados estaduais e oito vereadores da legenda, aderiu ao candidato do PL, André Fernandes, enquanto o deputado federal André Figueiredo, presidente em exercício da Executiva Nacional, apoiou à candidatura vitoriosa de Evandro Leitão (PT).
O apoio de André Figueiredo a Evandro o levou a abrir as portas do Palácio da Abolição para maior reaproximação do PDT com o PT. O primeiro gesto nessa direção foi uma reunião com os vereadores pedetistas para apoiarem à administração Evandro Leitão.
MUITAS DIFICULDADES
Com as articulações de André Figueiredo, a turma de Roberto Cláudio, Ciro Gomes e José Sarto fica no desconforto dentro do PDT, o que os levará a um novo rumo partidário. Esse quadro, segundo o Ministro Carlos Lupi, deve ter uma definição até o final do ano.
‘’Temos que conversar. Como ficou muito polarizado, eu já estou sentindo dificuldades’’, disse Lupi, ao afirmar, ainda, que ‘’Acho que vai dar problema porque o (ex-prefeito) Roberto Cláudio (PDT) não quer participar’’.
Diante do conflito interno, Carlos Lupi tem uma avaliação: ‘’Precisamos de uma conclusão. Quem não quiser participar do governo, como vai fazer? Vai ser uma linha de oposição de que maneira? Não vamos continuar apoiando o PL. Mas tem que esperar decantar’’, comenta.
Os desdobramentos sobre os novos caminhos do PDT do Ceará terão influência no movimento que a Executiva Nacional deflagrou para montagem de uma federação partidária com o PV, PSB e Cidadania.
Lupi lembrou que, em 2023, o PSB tirou dezenas de prefeitos eleitos pelo PDT, o que, naquele momento, gerou contratempos nas conversas sobre a formação de uma federação. O cenário mudou e, segundo Carlos Lupi, é preciso esperar para aprofundamento do diálogo com o PSB.
‘’Quero saber quais vão ser as consequências em Fortaleza para saber a possibilidade ou não com o PSB. Tenho uma excelente relação com (Carlos) Siqueira (presidente do PSB) com o João (Campos, prefeito do Recife). Aquele rompimento, quando todo mundo saiu do PDT para o PSB no Ceará, atrapalhou muito. Não sei se esse impedimento vai continuar. Tenho que esperar até o fim do ano’’, comentou o líder pedetista.