Após muitas conversas e a interlocução do candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), a senadora Simone Tebet, que recebeu, no primeiro turno, mais de 4 milhões e 900 mil votos, anunciou, nesta quarta-feira (05), apoio à candidatura do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva. Antes da formalização de apoio, Simone almoçou, em São Paulo, com Lula, Alckmin, com a ex-senadora Marta Suplicy e com a presidente da Executiva Nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Em um gesto para os brasileiros irem votar e não se omitirem no momento de uma decisão tão importante, Simone disse: “Não anularei meu voto, não votarei em branco, não cabe a omissão da neutralidade’’. A ex-presidenciável disse, também, por meio das redes sociais, que ‘’ainda que mantenha as criticas a Luiz Inácio Lula da Silva, em especial nos últimos dias da campanha quando cometeu o erro de chamar para si o voto útil, que é legítimo, sem apresentar suas propostas […] depositarei nele o meu voto’’.

A ex-candidata do MDB-PSDB-Cidadania à Presidência da República condicionou o apoio desde que o presidenciável Lula assuma compromissos com quatro pautas consideradas importantes: maior participação das mulheres no Ministério, ações mais intensas para preservação da Amazônia e compromisso com a implantação de projetos mais amplos nas áreas da educação básica e dos direitos das crianças.

A senadora compartilhou cinco pontos de seu plano de governo que espera que a campanha de Lula os “acolha”. São eles:

  • Ajudar municípios a zerar filas de creche para crianças de 3 a 5 anos, além de implantar uma poupança de R$ 5 mil para o jovem que concluir o ensino médio –uma forma de combater a evasão escolar;
  • Zerar as filas de cirurgias, consultas e exames com repasse de recursos ao SUS (Sistema de Saúde Único);
  • Solucionar o problema do endividamento das famílias –principalmente daquelas que ganham até três salários mínimos por mês;
  • Sancionar lei que iguale salários entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções;
  • Montar uma equipe ministerial plural com homens, mulheres, negros, pessoas com deficiência.

MDB DIVIDIDO

A declaração de apoio de Simone Tebet foi dada após o MDB, por meio de nota oficial, comunicar que estava liberando os filiados a apoiarem os candidatos ao Palácio do Planalto de acordo com a consciência de cada um. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, reeleito no 1º turno, declarou voto em Jair Bolsonaro, enquanto Hélder Barbalho, também, reeleito no 1º turno, assumiu o palanque de Lula.

PRONUNCIAMENTO DE SIMONE TEBET

Confira a declaração de apoio na íntegra:

Apresentei minha candidatura à Presidência da República diante de um país dividido pelo discurso do ódio, da polarização ideológica e de uma disputa pelo poder que não apresentava soluções concretas para os problemas reais do povo brasileiro. Minha intenção foi construir uma alternativa a essa situação de confronto, que não reflete a alma e o caráter da nossa gente.

As urnas falaram. O povo brasileiro fez sua voz ser ouvida. Cumpriu-se o rito da Constituição, que hoje completa 34 anos. Venceu a democracia. Tive 4.915.423 votos, pelo que agradeço, do mais fundo do coração, por cada um deles.

Aprendi, ao longo de minha vida política, que não se luta apenas para vencer, mas para defender projetos, disseminar ideias, iluminar caminhos, plantar boas sementes para uma colheita coletiva.

O eleitor optou por dois turnos.

Em face de tudo o que testemunhamos no Brasil dos últimos tempos e do clima de polarização e de conflito que marcou o primeiro turno, não estou autorizada a abandonar as ruas e praças, enquanto a decisão soberana do eleitor não se concretizar.

A verdade sempre me foi companheira, não será agora que irei abandoná-la. Critiquei os dois candidatos que disputarão o segundo turno e continuo a reiterar as minhas críticas. Mas, pelo meu amor ao Brasil, à democracia e à Constituição, pela coragem que nunca me abandonou, peço desculpas aos amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade neste segundo turno, preocupados que estão com a eventual perda de algum capital político, para dizer que o que está em jogo é muito maior que cada um de nós.