O prefeito de Fortaleza, José Sarto, vem se mobilizando com os vereadores e lideranças comunitárias para construir bases sólidas com vistas à reeleição, mas os embaraços internos que surgem no PDT o tiram energia nas ações administrativas que o garantam mais visibilidade e paz política para chegar com fôlego em 2024.
O incômodo é perceptível nos bastidores do Paço Municipal, na Câmara de Vereadores e no PDT. Os vereadores mais próximos ao Poder Executivo não esconderam o descontentamento com o chamado fogo amigo após críticas do senador Cid Gomes à gestão José Sarto.
Cid enxerga falta de prioridade da administração em áreas da periferia. A crítica é apenas um sinal de insatisfação que Cid Gomes vem manifestando há um bom tempo com o prefeito José Sarto. Em 2020, Cid foi um dos principais articuladores do nome de José Sarto para a sucessão de Roberto Cláudio.
De 2020 para os dias atuais, período intercalado com o desastre do PDT nas eleições de 2022 ao Governo do Estado, muita coisa mudou e as relações internas no partido liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes ficaram estremecidas.
Cid e Roberto Cláudio se distanciaram – alguns dizem que não é apenas distanciamento, mas sim conflitos com duros adjetivos e advérbios, e o PDT, com 13 deputados estaduais, enfrenta uma divisão com duas correntes: uma ala integrada por 10 deputados estaduais é afinada com o Palácio da Abolição, e outra corrente, com três parlamentares, é oposição crítica à gestão estadual.
O PDT ocupa três secretarias e muitos cargos de segundo escalão no Governo Elmano, mas, mesmo assim, para o grupo liderado pelo ex-prefeito Roberto Cláudio, a sigla não é governo, mas sim oposição crítica ao Palácio da Abolição. Na contramão desse discurso, o senador Cid Gomes, com olhos voltados a 2024, está sintonizado com o Ministro da Educação, Camilo Santana, e com o Governador Elmano.
Cid começou a trabalhar para evitar que, nas eleições de 2024, o PDT repita os erros de 2022 e preserve o patrimônio eleitoral nos Municípios. O cenário não é, porém, promissor. Os desdobramentos da campanha do ano passado deixam uma luz que pisca entre as lideranças estaduais apontando que muitos prefeitos eleitos pelo PDT e que irão concorrer à reeleição seguirão novos caminhos, ou seja, diretrizes do Palácio da Abolição.
Pré-candidato à reeleição, o prefeito de Fortaleza, José Sarto, está no meio do furacão e, no conflito entre lideranças estaduais do PDT, sofre para construir caminhos seguros na corrida eleitoral de 2024. Do ponto de vista administrativo, Sarto tem avançado, mas, no campo político e pré-eleitoral, as dificuldades estão presentes no cotidiano.
Para quem acompanha os bastidores políticos, interpreta que as manifestações de Cid Gomes devem ser entendidas como um alerta para José Sarto que, pelo retrovisor, não deixa de enxergar outro desconforto: o estímulo de correligionários, amigos e aliados para o ex-prefeito Roberto Cláudio concorrer à Prefeitura. São leituras reais com muitos fatos que acontecem nos bastidores, mas que ainda estão longe de se tornarem públicos.