O presidente Michel Temer adotou estratégia com sua equipe ministerial para pressionar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a fazer um movimento de reaproximação com o Palácio do Planalto.
O discurso duro do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) e a declaração na semana passada do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) fazem parte da tentativa de criar uma espécie de isca política para o tucano.
Segundo aliados do presidente, a ideia é que, diante do tom de rompimento do governo com a legenda, Alckmin se sinta pressionado a retomar o diálogo com o Palácio do Planalto, ainda mais diante da necessidade de atrair partidos da base aliada para a sua chapa eleitoral em 2018.
Além disso, a ideia é forçar Alckmin a fazer um posicionamento mais incisivo em apoio à reforma previdenciária, que tem enfrentado resistências na bancada tucana, favorável à flexibilização de pontos da proposta.
Em entrevista à Folha, Meirelles fez questão de ressaltar que falta “comprometimento claro” do PSDB com as reformas governistas e que o partido tende a “não apoiar o governo”.
Em linha semelhante, Padilha afirmou na semana passada que a reforma previdenciária faz parte da ideologia do PSDB e que a única condição para que o governo apoie a candidatura do tucano é ele apoiar o legado do presidente.
DESEMBARQUE
Na semana passada, às vésperas de assumir o comando nacional do PSDB, o governador defendeu o desembarque do partido da Esplanada dos Ministérios, o que causou desconforto no Palácio do Planalto.
Segundo um assessor presidencial, além de criar uma isca política a Alckmin, o discurso do governo tem como objetivo atrair os partidos do chamado “centrão”, mostrando que o governo vislumbra um projeto de poder com eles.
A intenção é reforçar a necessidade de que siglas como PP, PR e PTB precisam estar unidas com o PMDB desde já, o que inclui a aprovação da reforma previdenciária.
As legendas do “centrão” têm demonstrado resistência em votar as mudanças na aposentadoria neste ano. O receio é que o apoio à reforma, considerada impopular, possa prejudicá-las nas eleições do ano que vem.
Com informações Folha de S. Paulo