O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), escalou aliados na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal para responsabilizar o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), pelo insucesso das negociações entre a Prefeitura da Capital e o Banco Mundial para viabilização de um empréstimo internacional no valor de US$ 150 milhões – ou seja, R$ 500 milhões. O dinheiro seria destinado ao programa ‘Fortaleza Cidade Sustentável’.
Os aliados de Roberto Cláudio atribuem a suspensão das negociações para o empréstimo à derrota de Eunício nas urnas – o senador tentou, mas não conseguiu a reeleição. A Prefeitura de Fortaleza não teria, contudo, segundo assessores do presidente do Congresso Nacional, feito o dever de casa a tempo – como entrega de todos os documentos, para o Senado Federal aprovar o aval necessário à concessão do empréstimo para a Prefeitura da Capital.
O porta-voz de Roberto Cláudio na Assembleia Legislativa foi o deputado estadual reeleito Fernando Hugo (PP) e, na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Renan Colares, filho de Hugo. Ao seu estilo, Fernando definiu Eunício como uma figura “luminar” na solução de problemas do Estado e o aconselhou, mesmo após o resultado adverso nas urnas, manter esse papel. “Se o era ontem, por que não sê-lo hoje também, para ser história viva amanhã?”, questionou.
Hugo disse não acreditar que Eunício tenha sido o responsável pela devolução da mensagem sobre o pedido de empréstimo internacional e cobrou do presidente do Senado explicações sobre o insucesso do empréstimo. “Eu não quero acreditar que quem tanto fez e tanta força tem não tenha força para isso. Aí sim, se o senador não se movimentar ou não disser à Prefeitura que falta documento X, Y, Z, será possível acreditar em fake news que estão circulando por aí”, explica. “Eu acho que ele não é assim tão pequeno”, ironizou.
Os deputados estaduais Walter Cavalcante e Daniel Oliveira, ambos do MDB, ficaram surpresos com o pronunciamento de Fernando Hugo e saíram em defesa do presidente do Senado. Walter classificou as palavras de Hugo como injustas e falsas, enquanto Daniel lembrou que, ao longo dos oito anos de mandato, Eunício viabilizou mais de R$ 2 bilhões em obras para a cidade de Fortaleza. Em meio à polêmica, o deputado João Jaime (DEM) pediu explicações a Eunício.
PAI E FILHO
O vereador Renan Colares, filho de Fernando Hugo, classificou, ao fazer pronunciamento na Câmara Municipal, como “canetada” sem maiores explicações a devolução de uma mensagem sobre o empréstimo para a Prefeitura de Fortaleza. O vereador Didi Mangueira (PDT) endossou as críticas de Colares e pediu a criação de uma comissão de vereadores para cobrar, em Brasília, explicações no Senado sobre a suspensão do processo de votação da mensagem que autoriza o empréstimo internacional. “Alguém que trata as questões dos municípios do Ceará da forma como o senador o fez, de fato, não merece representar os cearenses no Senado”, completou, em tom áspero, o vereador Gardel Rolim (PPL).
SOBRAL E CAUCAIA
Se há frustração do prefeito Roberto Cláudio com a falta de êxito nas negociações para a Prefeitura receber US$ 150 milhões, o mesmo não podem dizer os prefeitos de Sobral, Ivo Gomes (PDT), e de Caucaia, Naumi Amorim (PMB). Sobral e Caucaia fizeram o dever de casa, entregaram todos documentos dentro dos prazos exigidos e ganharam aval do Senado Federal, em uma articulação do senador Eunício Oliveira, para receber empréstimos internacionais da CAF (Corporação Andina de Fomento), denominada, também, de Banco de Desenvolvimento da América Latina. Caucaia receberá US$ 80 milhões, enquanto Sobral, ficará com US$ 50 milhões.