Conforme havia prometido, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), escolheu nome técnico e independente, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), para ocupar a vaga de relator da denúncia contra Michel Temer (PMDB) na Câmara. O presidente é acusado de corrupção passiva. Outras denúncias contra ele devem ser enviadas em breve pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot.
A escolha contrariou as expectativas do Planalto, que esperava emplacar nomes como Alceu Moreira (PMDB-RS), Jones Martins (PMDB-RS) ou Laerte Bessa (PR-DF), notórios defensores do governo. O vice-líder do governo na Câmara, Carlos Marun (PMDB-MS), suavizou a derrota do Palácio. Ele disse que Zveiter tem boas relações com a bancada peemedebista. “É integrado e tem conhecimento jurídico suficiente para relatar uma situação desse porte. Foi uma escolha positiva”, disse.
O relator disse que se considera independente. “Meu compromisso é com o País, é com o Brasil”, declarou. O deputado avisou que não tem problema em receber pressão. “Comigo não tem pressão. A única pressão que me causa às vezes perplexidade é quando eu vou ao médico tirar a pressão, para ver se estou com pressão alta ou baixa. Minha pressão é normal, graças a Deus”, declarou.
Membro da CCJ, o deputado Danilo Forte (PSB-CE) argumenta que, nas mãos de Zveiter, o parecer deverá ser técnico. “Pela serenidade com que tem se comportado na Casa, a relatoria dele só ajuda a fazer um processo independente de paixões políticas”, avaliou.
Para o deputado de oposição, José Guimarães (PT-CE), Sérgio realmente tem postura afastada do governo e da oposição. “A nossa expectativa é positiva. O Sérgio não é indicação do Palácio e nós esperamos que ele apresente um relatório isento técnico, que expresse o que está na denúncia da PGR”, afirmou.
Advogdo, Zveiter está em seu segundo mandato na Câmara. Aos 61 anos, ele já presidiu da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio. Antes de ingressar no PMDB, o deputado fluminense passou pelo PDT e PSD. Também atuou como secretário de Estado nos governos de Anthony Garotinho, Rosa Matheus e Sérgio Cabral.
O deputado federal foi o relator do recurso contra o pedido de cassação do ex-deputado Natan Donadon na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Zveiter rejeitou a demanda do deputado, que estava preso, e Donadon acabou cassado em segunda votação no plenário. Mais recentemente, foi cotado para presidir a comissão especial da reforma da Previdência.
Crédito do Estadão