O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira (19) manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano.
A decisão já era esperada pelo mercado financeiro. Fixado desde março deste ano, este é o menor patamar da Selic desde o início do regime de metas para a inflação, em 1999.
A expectativa dos analistas é que a taxa não seja alterada até o fim deste ano e, em 2019, seja elevada gradualmente até alcançar 8% ao ano.
No comunicado sobre a decisão, o Copom informou que o cenário econômico atual “prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente”.
Diferentemente dos comunicados anteriores, o texto indica a possibilidade de elevação dos juros caso haja a possibilidade de aumento da inflação “no horizonte relevante para a política monetária”.
O Comitê ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo “da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.
Riscos
Entre a avaliação de agosto e a desta quarta-feira, o Copom ponderou que “se elevaram” os riscos de a inflação subir caso não sejam feitas reformas estruturais na economia e pela deterioração do cenário externo para as economias emergentes.
“O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”, diz o comunicado.
O BC avaliou que o cenário externo “permanece desafiador” por causa da política de normalização dos juros nos Estados Unidos e das guerras comerciais entre países.
“Os principais riscos seguem associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global”, afirma.
Taxa Selic e inflação
A Selic é a taxa básica de juros da economia e serve como referência para todas as demais taxas cobradas das famílias e empresas.
A cada 45 dias, o Copom se reúne para calibrar o patamar da taxa Selic buscando o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Quando a inflação está alta ou indica que vai ficar acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito (financiamentos, empréstimos, cartão de crédito), freando o consumo e reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação cai.
O Copom reduz os juros quando avalia que as perspectivas para a inflação estão em linha com as metas determinadas pelo CMN.
A taxa é mantida qundo o Copom identifica o cenário vigente como positivo, mas identifica possíveis riscos para o cumprimento da meta de inflação no futuro, que exigem cautela.
Inflação
A meta central de inflação para 2018 é de 4,5%. Como há a “margem de tolerância”, a meta será considerada formalmente cumprida caso fique entre 3% e 6%.
Tanto o mercado financeiro quanto o BC avaliam que o comportamento da inflação ao longo de 2018 indica que o índice encerrará o ano ligeiramente abaixo da meta central.
Diante desse cenário e levando em consideração que as decisões do Copom demoram cerca de seis meses para causarem pleno efeito na economia, a definição da Selic já começa a levar em consideração as perspectivas para 2019.
Para o ano que vem, a meta de inflação é de 4,25%, podendo variar entre 2,75% e 5,75%.
No último relatório Focus, pesquisa semanal do BC, os analistas financeiros estimaram uma inflação de 4,11% em 2019.
Com informação do G1