Em março, o duas vezes presidenciável e atual pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, disse à Folha de S.Paulo não ter “a menor vontade de ser candidato se o Lula for” -e que uma candidatura do petista seria um “desserviço ao Brasil”. Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa nesta quarta-feira (12), dia da decisão de Sergio Moro contra Lula, o ex-governador do Ceará e ex-ministro do petista contemporizou: “A condenação acontece ante uma grande revolta dos simpatizantes de Lula, uma estranhíssima e patológica euforia dos que o odeiam e ante uma grande perplexidade da maioria do povo que não consegue entender uma sentença sem uma prova cabal e simples, que todos possamos entender como base de uma pena justa”. Ciro afirmou torcer para que o ex-presidente prove sua inocência. Mas não o inocenta de ser “o grande responsável político pelo momento terrível pelo qual passa o país”. “Foi traído, mas a ele, e somente ele, devemos a imposição de um corrupto notório na linha de sucessão do Brasil, o senhor Michel Temer”, disse. Leia a nota na íntegra: “O Brasil vive um momento muito grave e muito triste. O ódio sectário praticamente domina o debate político. Ontem, grande maioria do Senado Federal aprovou uma selvageria que nos remete ao século XIX, quando o trabalho não tinha a dignificação que a modernidade lhe atribuiu, não sem o sacrifício de muitos que até morreram para que mulheres, crianças e trabalhadores em geral fossem tratados com a dignidade devida e não como engrenagens da selva do dinheiro a qualquer preço. Hoje, espero que seja só uma desagradável coincidência, numa sentença de 216 páginas, condena-se o ex-presidente mais popular da história moderna do Brasil a uma pena de prisão de nove anos e meio, por corrupção. Ninguém está acima da lei e imune ao alcance da justiça, mas esta condenação acontece ante uma grande revolta dos simpatizantes de Lula, uma estranhíssima e patológica euforia dos que o odeiam e ante uma grande perplexidade da maioria do povo que não consegue entender uma sentença sem uma prova cabal e simples, que todos possamos entender como base de uma pena justa. Considero Lula o grande responsável político pelo momento terrível pelo qual passa o país. Foi traído, mas a ele, e somente ele, devemos a imposição de um corrupto notório na linha de sucessão do Brasil, o senhor Michel Temer. Mas isto não significa que ele não tenha direito ao devido processo legal. E é a isto que devemos nos ater. Que ele recorra às instâncias superiores, que preserve a franquia democrática do devido processo legal e que -torço- tenha, enfim, provada sua inocência. Volto a ponderar: o ódio é o pior conselheiro num momento em que nosso povo amarga uma crise tão grave! Ciro Gomes”
Crédito da Folha de S.Paulo