Pouco deve ser resolvido, em Brasília, nos dias que sobram nesta semana após o carnaval. Discussões sobre temas mais espinhosos, como a votação da reforma da Previdência e as declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, sobre o inquérito que envolve o presidente Michel Temer, só devem se intensificar a partir de segunda-feira. Apesar de o presidente Michel Temer ter despachos internos no Palácio do Planalto às 14h desta Quarta-Feira de Cinzas e uma viagem para Campinas (SP), marcada para amanhã, a articulação sobre a reforma previdenciária será mais incisiva apenas na próxima semana, garantiu o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.

“Teremos poucos deputados em Brasília nestes dias pós-carnaval. Aguardamos a chegada mais consistente a partir de segunda-feira”, afirmou Marun. “Obviamente, aproveitando a presença, em Brasília, do presidente da República, Michel Temer, e de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, que são os dois grandes os protagonistas da reforma da Previdência, nós vamos nos reunir e trocar ideias, mas uma ação mais incisiva, somente na semana que vem”, reiterou Marun.

O deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara, é o mais otimista. “Eu não parei de trabalhar durante o carnaval. Estou constantemente ligando para os deputados, sobretudo, os indecisos. Isso vai se intensificar. Pretendo começar as reuniões amanhã (hoje), porque a ideia é votar a reforma até o fim do mês”, disse. A empolgação de Mansur, no entanto, não encontra ressonância em outras lideranças e tampouco no histórico do debate da reforma.

Em dezembro do ano passado, às vésperas do recesso parlamentar, Rodrigo Maia dizia que a votação era uma possibilidade “realista”. Acabou ficando para fevereiro. Depois, Maia afirmou que o início da discussão seria em 5 de fevereiro e a votação, em 19 de fevereiro. Agora, a expectativa é de votar a matéria em 28 de fevereiro.

Seja qual for, o debate só deve começar na semana que vem, conforme o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). “A maioria dos deputados volta na segunda-feira. Como Maia chega já nesta quinta, acho que devemos fazer uma avaliação do quadro até o fim de semana. O carnaval sempre dispersa bastante, mas a ideia é recomeçar a articulação”, assinalou.
Maia recebe amanhã na Câmara secretários de Fazenda de estados, com os quais vai discutir a reforma.

O líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), afirmou que o partido só vai discutir como deve votar a reforma da Previdência na semana que vem. A legenda aguarda a definição do nome para o ministério do Trabalho. “Isso está nas mãos da Cármen Lúcia. Vamos aguardar”, ressaltou.

Outro assunto que vai retomar a polêmica na próxima semana é a declaração do diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, de possível arquivamento da investigação que envolve o presidente Temer. Segóvia tem uma audiência, segunda-feira, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, relator do inquérito. O ministro exigiu esclarecimentos do diretor-geral da PF sobre sua postura em emitir opinião a respeito de uma investigação ainda em curso.