Contas preliminares feitas pelos articuladores de Michel Temer na Câmara apontam que o governo ainda não tem os votos necessários para derrotar na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) a denúncia de corrupção feita contra o presidente.

Mapas de votação feitos por líderes governistas mostram que o governo tem assegurados apenas 30 votos a favor de Temer entre os 66 integrantes da comissão. Há 21 indecisos que têm demonstrado insatisfação com o Planalto e ameaçam se posicionar contra o presidente.

Temer precisa de 34 votos para garantir que a CCJ recomende o arquivamento da denúncia, que depois ainda precisará ser votada em plenário. A meta é ter pelo menos 40 votos, o que daria uma margem de segurança para obter um relatório favorável contra a denúncia.

Partindo de um placar já desfavorável, auxiliares do presidente acreditam que a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi braço-direito de Temer no governo, pode dificultar o trabalho de convencimento dos deputados indecisos.

Aliados do presidente argumentam que a prisão não tem relação com os fatos narrados na denúncia, mas dizem acreditar que o episódio pode contaminar os debates na CCJ e no plenário da Câmara.

Para  o líder do governo no Congresso, deputados André Moura (PSC-PE), a prisão de Temer traria mais uma instabilidade política e mais turbulência naquilo que a oposição deverá fazer durante toda a semana.

Em sua linha de defesa política, o governo vai tentar classificar a prisão de Geddel como parte da ação do Ministério Público para tentar derrubar o governo. Nesta terça-feira (4), o presidente deve gravar um novo vídeo para as redes sociais defendendo sua permanência no cargo.

Auxiliares de Temer dizem que seu advogado, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, apresentará a defesa técnica do presidente nesta quarta (5). A votação na CCJ deve ocorrer na semana que vem.

Indecisos

O mapa de votos dos líderes governistas revela que há risco significativo de traição a Temer nos partidos da base aliada, que detêm cargos no governo.

Ao menos 5 dos 7 integrantes da CCJ indicados pelo PSDB, que comanda quatro ministérios, devem votar contra Temer.

Segundo aliados do presidente, também há um número expressivo de deputados considerados indecisos no PR, que tem cinco vagas na comissão, e no PRB, que tem direito a três votos.

Os articuladores políticos do Planalto atribuem esse cenário a uma insatisfação de parte da base de Temer com nomeações não atendidas e emendas parlamentares com pagamento atrasado.

A ideia é que o presidente se reúna pessoalmente com aqueles deputados que o Planalto identifica com tendência de voto favorável.

Os ministros da área política também participarão da ofensiva. Na semana passada, o presidente prorrogou prazo de pagamento de emendas parlamentares impositivas referentes ao exercício financeiro de 2015.

A incerteza do governo quanto aos desdobramentos das votações da denúncia contra Temer são amplificadas pela falta de alinhamento entre o Planalto e o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). Ele será o responsável pela escolha do relator do caso, que deve ser anunciado nesta terça (4).

Aparecem como cotados a assumir a relatoria os deputados Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) e Evandro Gussi (PV-SP).

Com informações Folha de S. Paulo