Dez ativistas de direitos humanos e ambientais produziram um apelo público direcionado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ao ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (PSB) e aos candidatos derrotados à Presidência Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) para que somem forças e se engajem em prol da candidatura de Fernando Haddad (PT).

O texto destaca os políticos como “grandes lideranças, com trajetórias comprometidas com a construção democrática de nosso país” e cobra um posicionamento explícito a favor do candidato para mudar o rumo das eleições, citando os riscos de uma vitória de Jair Bolsonaro (PSL).

“A vitória do candidato do PSL aprofundará ainda mais a destruição ambiental, o desmatamento de nossas florestas, a destruição dos ecossistemas e dos bens comuns. A vitória de Bolsonaro estimulará ainda mais o ódio, o racismo, o preconceito, as perseguições, a violência: do cotidiano às instituições públicas. Neste exato momento, os ataques contra pessoas que discordam do candidato se multiplicam em vários lugares do país.”

Integrante da Ação Educativa e defensora do direito à educação de meninas e mulheres da Rede Internacional Gulmakai a convite de Malala Yousafzai, Denise Carreira conta que o manifesto começou a ser elaborado na quinta (18) diante da necessidade de fazer um apelo direto e com foco em pouco tempo. Segundo pesquisa Datafolha, Bolsonaro tem 59% das intenções de voto contra 41% de Haddad.

Carreira considera a declaração de voto de Marina Silva em Haddad nesta segunda (22) importante, mas diz que o gesto não é suficiente. Ela afirma que entende que as diferenças partidárias entre os líderes pode ser uma barreira, mas que o momento é “dramático e requer gestos ousados”.

Haddad telefonou nesta segunda para o ex-presidente e disse, em entrevista ao Roda Viva, que o tucano só não declarava apoio público a ele por questões partidárias. “Estamos vivendo a multiplicação de ataques e precisamos que essas lideranças deem esses passos a mais”, diz.

Também assinam o apelo público os ativistas de direitos humanos Margarida Genevois, Djamila Ribeiro, Ivo Herzog, Eloisa Machado, Maria Victória Benevides, Silvia Pimentel e Flávia Schilling, e os ambientalistas Marcos Sorrentino e Nilo d´Ávila.

Além do pedido de apoio, os ativistas também se comprometem a exigir que Haddad e o PT priorizem em sua agenda de governo uma profunda reforma política. Um apelo público pela democracia a FHC, Ciro Gomes, Marina Silva e Joaquim Barbosa. Margarida Genevois, Djamila Ribeiro, Ivo Herzog, Denise Carreira, Eloisa Machado, Maria Victória Benevides, Silvia Pimentel, Flávia Schilling, Marcos Sorrentino e Nilo d´Ávila

Estamos aqui para apelar a vocês pelo futuro do nosso país, pelo nosso povo, pelas nossas crianças, adolescentes e jovens. Como ativistas de direitos humanos e ambientalistas reconhecidos no Brasil e internacionalmente, que contribuíram para o fortalecimento da sociedade civil nas últimas décadas e que votaram no primeiro turno em diferentes partidos, estamos aqui para pedir que, neste momento extremamente dramático da democracia brasileira, vocês coloquem as diferenças partidárias de lado. Pedimos que somem forças, de forma engajada, em prol da candidatura de Fernando Haddad. Temos pouco tempo!

Vocês são grandes lideranças do nosso povo, com trajetórias comprometidas com a construção democrática de nosso país. Este é o momento de se posicionar mais explicitamente e agir. O engajamento de vocês pode mudar o rumo deste momento histórico.

Vocês sabem: a vitória de Jair Bolsonaro levará o país a um gigantesco retrocesso e quem mais sofrerá será a população mais pobre, negra, do campo e das periferias, as pessoas LGBT, as mulheres -em especial, as mulheres negras e indígenas- e o meio ambiente.

A vitória do candidato do PSL aprofundará ainda mais a destruição ambiental, o desmatamento de nossas florestas, a destruição dos ecossistemas e dos bens comuns. A vitória de Bolsonaro estimulará ainda mais o ódio, o racismo, o preconceito, as perseguições, a violência: do cotidiano às instituições públicas. Neste exato momento, os ataques contra pessoas que discordam do candidato se multiplicam em vários lugares do país.

Sabemos que o que está em jogo não é a disputa entre dois candidatos comprometidos com a ordem democrática e com a Constituição Federal de 1988. Por isso, precisamos ativamente do poder de convocatória de vocês para barrar essa ameaça, para alertar o nosso povo -mulheres e homens- das manipulações que estão sendo promovidas por meio das chamadas fake news (para as quais, nossa democracia tem se mostrado tão despreparada) e selar um voto de confiança em Fernando Haddad.

Ao mesmo tempo estaremos juntos exigindo de Haddad e do Partido dos Trabalhadores o compromisso público de promover ativamente essa aliança política do campo democrático e de priorizar em sua agenda de governo uma profunda reforma política, considerando propostas já amplamente discutidas na sociedade brasileira, como a da Plataforma pela Reforma do Sistema Político.

Precisamos de vocês juntos neste momento político! Precisamos de gestos grandiosos e ousados, em prol de algo muito maior e que vai fazer toda a diferença na vida de milhões e milhões de crianças, adolescentes, jovens a adultos e no futuro do país. É isso o que importa! Margarida Genevois, integrante histórica da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo;

Djamila Ribeiro, filósofa, feminista negra e acadêmica brasileira. É pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo. Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto Wladimir Herzog;

Denise Carreira, feminista, integrante da coordenação da Ação Educativa e da Plataforma DHESCA e defensora do direito à educação de meninas e mulheres da Rede Internacional Gulmakai a convite da Prêmio Nobel Malala Yousafzai; Eloisa Machado, professora, advogada do Coletivo de Advogados em Direitos Humanos (CADHU), ganhadora do Prêmio Outstanding International Woman Lawyer 2018, da International Bar Association IBA;

Maria Victória Benevides, professora da Faculdade de Educação da USP e diretora da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Direitos Humanos; Silvia Pimentel, advogada, professora da Pontifícia Universidade Católica (SP), cofundadora do Comitê Latino-americano e do Caribe em Defesa dos Direitos da Mulher e ex-presidente do Comitê da ONU sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres (CEDAW);

Flávia Schilling, escritora, socióloga e professora livre-docente da Universidade de São Paulo. Foi integrante do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos e da Cátedra Unesco de Educação para a Paz, Democracia, Direitos Humanos e Tolerância; Marcos Sorrentino, ambientalista, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, fundador da Rede Brasileira e da Rede Lusófona de Educação Ambiental. Nilo d’Avila, ambientalista, engenheiro florestal. Foi integrante do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais.”

Com informações Noticias ao Minuto