O Ministério da Saúde anunciou a inclusão da vacina Covid-19 pediátrica no Calendário Nacional de Vacinação a partir de 2024. A medida foi tomada com base em evidências científicas mundiais e dados epidemiológicos de casos e óbitos pela doença no país. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou aos países que priorizem a vacinação da população de alto risco para doença grave e avaliem o cenário epidemiológico local para estabelecer estratégias para a vacinação infantil.
Atualmente, além do Brasil, mais de 60 países autorizaram a vacinação de crianças a partir do final de 2021, a exemplo da Austrália, França, Itália, Israel, Canadá, Japão, Reino Unido, Portugal, Espanha, Indonésia, Peru, Chile e Uruguai.
“A covid-19 é uma doença nova e é a que mais mata hoje no Brasil e se espalha pelo mundo. Já tivemos 4 mil pessoas morrendo por dia no nosso país. Hoje, depois da vacina, passamos a ter um controle maior. A média diária de óbitos é de 42 pessoas. Por isso, o alerta é importante e deve ser constante. A vacina é a principal medida de combate ao vírus e às formas graves da doença. As doses estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde”, afirma a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
No Brasil, os números demonstram que as crianças não estão isentas das formas graves e letais da doença, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Entre janeiro e agosto de 2023, foram registrados 3.441 casos e 84 óbitos de SRAG por covid-19 na população menor de 1 ano de idade.
Esquema vacinal
Os dados no Brasil e no mundo apontam que as medidas de prevenção e controle para covid-19 devem ser reforçadas em crianças para protegê-las das formas graves da doença e amenizar a propagação do SARS-CoV-2 na população em geral. Por isso, a partir de 2024, a vacinação contra a covid-19 terá como foco as crianças de 6 meses e menores de 5 anos. Nessa faixa etária, o esquema vacinal completo contará com 3 doses, que deverão ser aplicadas seguindo os intervalos recomendados: 1ª dose para a 2ª dose: intervalo de 4 semanas; e 2ª dose para a 3ª dose: intervalo de 8 semanas. A criança que tiver tomado as três doses este ano, não vai precisar repetir doses em 2024.
Após os 5 anos de idade, apenas as crianças que integram os grupos prioritários é que receberão uma dose de reforço em 2024. São eles: imunocomprometidos; com comorbidades e deficiência permanente; indígenas; ribeirinhos; quilombolas; que vivem em instituições de longa permanência e em situação de rua. Esses grupos são os que têm maior risco de desenvolver as formas graves da doença. A inclusão desse grupo já passou por avaliação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI) e do Programa Nacional de Imunização (PNI).
Eficácia e segurança
As agências regulatórias autorizaram o uso da vacina Pfizer-BioNTech para crianças de 6 meses a 4 anos de idade, com base na revisão de dados de segurança e eficácia de um estudo de Fase 1/2/3. As análises confirmaram que a eficácia da vacina Pfizer (três doses) para esta população foi de 80,3% na prevenção de infecção pela variante ômicron da covid-19, que continua sendo a variante dominante nos EUA e em outros países.
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações, e da Anvisa, realiza o monitoramento da segurança das vacinas de forma contínua e sistemática no Brasil (Fase 4). Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) são notificados e investigados, com o objetivo de elucidar a relação causal entre as vacinas e os eventos. As avaliações de benefício X risco leva em consideração a carga da doença.
Diante deste cenário, e considerando o elevado risco de morbimortalidade pediátrica por covid-19, o benefício das vacinas contra a doença supera, e muito, o risco da não vacinação.
Combate à desinformação
Em outubro de 2023, o Ministério da Saúde lançou o Saúde com Ciência, projeto interministerial de combate à desinformação. A iniciativa visa promover e fortalecer políticas públicas de saúde e valorizar a ciência. São parceiros da pasta: a Secretaria de Comunicação Social da Presidência; a Advocacia-Geral da União; o Ministério da Justiça e Segurança Pública; o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; e a Controladoria-Geral da União. A estratégia prevê ações para identificar e compreender o fenômeno da desinformação, promover informações íntegras e responder, de maneira preventiva, aos efeitos negativos das redes de desinformação.