No Brasil, atualmente 17 projetos de pesquisa para o desenvolvimento do imunizante contra Covid-19 estão na fase pré-clínica. Dentre eles, o estudo da Universidade Estadual do Ceará (Uece), liderado pela professora imunologista Izabel Florindo, do Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece (LBBM) e pelo pesquisador do LBBM e doutorando do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (Renorbio/Uece), Ney Carvalho.
A pesquisa iniciada em abril de 2020 vem desenvolvendo uma vacina cearense contra a Covid-19. Neste momento a pesquisa aguarda autorização da Anvisa para iniciar a segunda fase clínica, com teste em humanos. Segundo Ney Carvalho, a vacina em teste batizada de “HH-120-Defenser”, alcançou resultados promissores na primeira fase de testes realizada em camundongos.
“Esses resultados serão submetidos à Anvisa, com o intuito de iniciar a fase clínica, já que estávamos na fase pré-clínica, com os animais”, explicou.
Fase Clínica de testes (três etapas)
- 1ª etapa: testes realizados com, aproximadamente, 100 pessoas adultas, de 18 a 60 anos de idade, sem comorbidades;
- 2ª etapa: testes em pessoas acima de 60 anos, com comorbidades;
- 3ª etapa: testes serão aplicados em milhares de pessoas, com perfis diversificados.
Ao final de cada etapa da fase clínica, a Uece deverá submeter os resultados à Anvisa para autorização da continuidade dos testes. A professora Izabel Florindo destaca que a vacina propõe uma nova forma de uso de um coronavírus aviário atenuado.
“Essa vacina é constituída por uma cepa de coronavírus muito parecida com o SARS- CoV-2, capaz de induzir uma resposta imunológica protetora contra o novo coronavírus. Ela não causa infecções em humanos. Por isso resolvemos usá-la”, explicou.
Caso os resultados enviados para a Anvisa durante as fases de testes clínicos ocorra sem registro de efeitos adversos, segundo a professora, será possível dentro de um prazo de um ano finalizar os testes.
Baixo custo
O pesquisador Ney Carvalho, ressalta que com a conclusão da pesquisa da vacina, o país poderá contar com um imunizante de baixo custo.
“Acreditamos que a concentração de vírus vacinal que queremos colocar por dose é suficiente para que em um frasco, que custa R$ 11 no comércio local, seja capaz de fornecer 250 doses. Assim, cada dose custaria em média R$ 0,04 centavos. A imunização de todo o país, com duas doses, custaria pouco mais de R$ 21 milhões”, pontuou.
Atualmente a dose de vacina mais barata comercializada hoje no Brasil é a CoronaVac, que custa R$ 16 cada dose.
Apoio financeiro para pesquisa
Após aprovação da Anvisa, a UECE deve buscar apoio financeiro junto aos órgãos vinculados ao Governo do Estado do Ceará, bem como de instituições privadas a continuidade e rapidez na pesquisa.
Atualmente o Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da UECE conta com o apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Para a continuidade da pesquisa a UECE contará, durante a fase clínica, com a parceria da UFC e do Labluz/Iprede.
Vacinas aplicadas no Brasil
Atualmente três vacinas estão sendo aplicadas no Brasil, são elas: Coronavac (desenvolvida pelo laboratório chinês em parceria com o Instituto Butantan); Oxford/AstraZeneca (desenvolvida pela Universidade de Oxford e produzida pela Fundação Fiocruz) e na última semana iniciou a aplicação da vacina produzida pela farmacêutica americana Pfizer.