Depois de produzir e doar mais de 10 mil kits de Face Shields (máscaras de proteção) a profissionais de saúde, hospitais, clinicas, UPAs de vários municípios cearenses, o Criarce, projeto da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, inicia uma nova fase no combate ao coronavírus. Em parceria com médicos e entidades de pesquisa está desenvolvendo tecnologias para área de saúde, que possam ser produzidas no Estado do Ceará. Dentre elas, um vídeo-laringoscópio de baixo custo, ventiladores, kit de autoexame para a Covid-19 e peças hospitalares como conectores MDI.

O vídeo-laringoscópio de baixo custo permite a intubação do paciente de forma mais rápida e precisa, além de permitir que o médico mantenha uma maior distância da via aérea do paciente. Esses diferenciais têm o potencial de reduzir a exposição do profissional de saúde ao contágio pelo coronavírus. O trabalho está sendo realizado com os médicos Nely Reis (HGF e IJF), David Marinho (HGF e IJF) e lvelise Brasil (HGF e UECE) e Sales Ávila (UECE).

Ventiladores pulmonares

Thiago Barros, coordenador do Criarce, anunciou também o projeto dos respiradores automatizador de Ambu, que está sendo desenvolvido com a ajuda do engenheiro da Troller, Pedro Rela.

“O nosso diferencial está na não utilização do motor de Passo (que vem da China, muito mais caro e difícil de encontrar)”, explica Thiago. “Nós estamos trabalhando um motor de vidro elétrico de carro, simples e barato e que existe no mercado local. Já estamos em estágio de prova de conceito, validando a eletrônica que permite controlar todas as funções necessárias do aparelho”.

Mas o Criarce, não para ai. Com o professor de Física Sales Ávila, da Uece, trabalha um respirador tradicional, com injeção eletrônica. São três peças, fáceis de encontra em Fortaleza.

“Estamos começando a montar o primeiro protótipo para poder validar e esperamos, muito em breve, estar com tudo isso concluído”, informou Thiago Barros.

Auto coleta de amostras para diagnóstico

O grande desafio agora para a equipe do Criarce é oferecer um kit de auto coleta, seguro, não invasivo, para o diagnóstico da Covid-19. Junto com o cientista Fábio Miyajima, especialista em vigilância laboratorial da Fiocruz, o trabalho já passou nas fases iniciais de desenvolvimento e está entrando para a fase de avaliação e validação de desempenho em relação aos métodos tradicionais que usam swabs naso-orofaringeos (aqueles cotonetes gigantes que vão à garganta do paciente). Além de desconfortáveis, esse exame não permitem a auto coleta da amostra pelo próprio paciente.

Está sendo desenvolvido um adaptador de plástico atóxico de baixo custo, com a utilização de uma solução estabilizadora. O paciente poderá fazer a coleta da amostra no próprio domicílio ou em um centro de saúde, sem a necessidade de um coletador. O projeto recebeu, recentemente, recomendação do programa Inova Fiocruz como uma das melhores propostas de ideias inovadoras da instituição. Os pesquisadores esperam que após referendar o método e sua utilidade clínica, o trabalho possa ser endossado por outros parceiros e escalonado para a produção em massa e a baixo custo.

“Isso poderá auxiliar na busca ativa de casos na comunidade, principalmente daqueles que não puderam procurar pelos centros de saúde”, completa Thiago Barros.

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará