Os dias de turbulência do PSDB podem estar chegando ao fim, mas a insistência do senador Aécio Neves em não abrir mão da Presidência da Executiva Nacional ameaça a permanência de deputados federais e senadores na sigla. O mais duro recado sobre o desconforto interno foi dado pelo senador Tasso Jereissati ao dizer, nessa quinta-feira (19), que deixa o comando do PSDB se o mineiro Aécio Neves não renunciar. Tasso é presidente interino da Executiva Nacional em substituição a Aécio que, em maio deste ano, foi obrigado a se afastar do cargo após a exibição de imagens e áudio que o mostram em uma conversa com um dos dirigentes do Grupo JBS pedindo R$ 2 milhões.

As denúncias contra Aécio geraram o maior desgaste da história do PSDB e obrigaram a se afastar do comando da sigla. As denúncias contra Aécio o levaram a enfrentar processos no Supremo Tribunal Federal (STF) que, por meio de uma decisão da 1ª Turma, o afastou do mandato no Senado e o impôs o recolhimento noturno em casa. Aécio foi salvo, porém, pelo Plenário do Senado que, por 44votos a 26, o devolveu o mandato e a reconquista da liberdade.

A vitória do mineiro não foi suficiente para convencê-lo a se afastar em definitivo da Presidência Nacional do PSDB e abreviar a crise que se aprofunda no partido. Aécio recebe apoio do Palácio do Planalto para permanecer no cargo, mas, nessa quinta-feira, após as pressões internas, pediu um tempo para pensar. Mais pragmático e tentando salvar o PSDB, Tasso ameaçou deixar o cargo se Aécio não renunciar.

Segundo o Jornal Folha de São Paulo, em conversas reservadas, Tasso externou insatisfação com o ambiente interno no PSDB,chegou “ao limite” e não quer continuar brigando com o senador mineiro. A ameaça de Tasso de deixar a presidência interina do PSDB é, segundo seus aliados, uma pressão adicional sobre o grupo de Aécio. Tasso convocou uma reunião dos presidentes regionais do PSDB para a próxima quarta-feira, enquanto Aécio pediu até a terça-feira (24) para apresentar uma solução para a bancada.

O clima é de tensão. A queda de braço se torna ainda mais evidente: de um lado, os tucanos que querem permanecer com cargos no Governo Federal e apoiam o senador Aécio Neves. Do outro lado, o presidente interino Tasso Jereissati que defende o afastamento do PSDB dos cargos no Palácio do Planalto e que encontra apoio entre senadores e deputados federais para assumir em definitivo o comando do partido. O sentimento entre muitos tucanos é que, se for presidente nacional, Tasso deixará o PSDB mais distante do Governo Federal. A briga interna terá novos desdobramentos nas próximas 24 horas.