O que pode significar fragilidade para o Governo, pode representar uma boa oportunidade para os aliados que estão na expectativa sobre a ocupação de espaços no Palácio do Planalto. Com a queda do Ministro Secretário da Casa Civil da Presidência da República, Gustavo Bebianno, o Governo precisa garantir estabilidade na relação com o Congresso Nacional e evitar que os respingos da crise política tenham impacto na votação da reforma previdenciária.
Com quase dois meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro ainda não sinalizou sobre a participação dos deputados federais e senadores na ocupação dos cargos da União nos Estados. A expectativa, entre parlamentares do Ceará, é que, com a chegada, na próxima quarta-feira, do projeto de reforma previdenciária ao Congresso Nacional, seja aberta a porta de entrada dos deputados federais e senadores na administração federal.
Dos 22 deputados federais e três senadores do Ceará, pelo menos, 15 começam a se mobilizar para tomar café com o Ministro Onyx Lorenzoni, que quer conversar, individualmente, com aliados do Governo no Congresso Nacional. Onyx quer apresentar as razões para convencer os deputados federais e senadores aprovarem as mudanças na Previdência Social. E, no outro lado, os deputados e senadores querem saber o que levarão para as bases políticas, para os municípios e estados para aprovar as novas regras para aposentadoria.
Integrantes da base de apoio ao Palácio do Planalto, os deputados federais Heitor Freire (PSL), Capitão Wagner (PROS), Roberto Pessoa (PSDB), Domingos Neto (PSD) e Genecias Noronha (SD), por exemplo, querem participação no Governo e estão de olho em cargos considerados estratégicos no Ceará, como BNB, DNIT, INCRA, DNOCS, Companhia Docas, Correios, INSS e Delegacia Regional da Agricultura. São, pelo menos, 200 bons cargos de confiança que dão poder aos aliados e espaços para fortalecimento de bases eleitorais. Sem cargos e recursos para os municípios, os deputados federais não terão motivação para aprovar a reforma previdenciária.