O Brasil tem em média 645 amputações de pênis a cada ano devido ao câncer no órgão, alerta levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com base em dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde. De 2013 a 2023, última década, foram registradas ao todo 6.456 amputações.

Estima-se que o Brasil é um dos países com maior incidência de câncer de pênis no mundo — ele fica atrás apenas de alguns países africanos.

Geralmente o câncer de pênis se manifesta por meio de uma lesão na região genital, na grande maioria das vezes na glande ou na face interna do prepúcio, ou em forma de caroços. Essa ferida pode gerar coceira, queimação e forte odor, mas a principal característica é a não cicatrização do machucado depois de uma semana ou até um mês mesmo tendo sido feito tratamento local com medicações tópicas.

Elas podem ser confundidas com infecções sexualmente transmissível (IST), entretanto é importante procurar um médico especialista em qualquer surgimento dos sintomas.

Os números são alarmantes, visto que, na maioria dos casos, podem ser evitados com hábitos como higienização adequada, vacinação contra o vírus HPV (disponível no SUS) e a remoção do prepúcio quando ele não pode ser completamente puxado para trás para expor a glande e higienizá-la (cirurgia de fimose).

— A comorbidade pode ser prevenida ao evitar hábitos como tabagismo e sexo sem preservativo, além de higienizar a região corretamente. Já o tratamento é feito através de cirurgia, quimio e radioterapia — afirma o urologista e membro da Sociedade Brasileira de Urologia, Paulo Egydio.

Mas para além do câncer de pênis, há outras doenças que surgem com um caroço na região genital. Confira algumas delas:

HPV

O HPV é a abreviação em inglês para papilomavírus humano, infecção sexualmente transmissível (IST) que atinge a pele ou mucosas oral, genital ou anal do paciente. Também conhecida como condiloma acuminado, o vírus, na maioria dos casos, não gera sintomas, mas pode provocar verrugas na vagina ou pênis e câncer em homens e mulheres, a depender do tipo da infecção.

— Para prevenir, o ideal é fazer sexo com uso de preservativos e ser vacinando contra a doença. As verrugas podem ser removidas através de procedimentos ou sumindo de maneira espontânea — diz Egydio.

De forma muito rara, o HPV também pode ser transmitido de outras maneiras, como através do parto, da mãe para o bebê e se estiver presente em áreas extragenitais, como conjuntivas e mucosas nasal, oral e laríngea. Ainda não é comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas.

Herpes

Também transmitida através de relações sexuais, a herpes genital é outra causa maligna de caroço no pênis. Causada pelo vírus Herpes simplex, os primeiros sintomas aparecem entre dez e quinze dias após o contágio. Além dos nódulos penianos, é possível que eles sejam acompanhados de dor, coceira e formigamento. Outros sintomas são febre, dor muscular e mal-estar generalizado.

Até o momento, não há cura para a doença e o vírus permanece dentro do organismo após a primeira infecção. Por isso, os sintomas podem surgir em diversos momentos da vida, mas também podem ser reduzidos com o tratamento adequado.

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o herpes genital atinge cerca de 10% a 15% da população. Esse número, no entanto, pode ser ainda maior, já que muitos portadores do vírus não são diagnosticados. Estimativas do Ministério da Saúde apontam que apenas 13% a 37% das pessoas que contraem esses vírus apresentam sintomas. Por isso, muitas pessoas não são diagnosticadas.

O tratamento para o herpes genital não tem como objetivo a cura da infecção, mas a redução de seus efeitos. A melhor forma de conter os sintomas é procurar um médico especialista assim que surgirem as suspeitas pela primeira vez. Com isso, é possível reduzir a carga viral que vai permanecer no organismo e que poderá causar novos problemas no futuro.

Além dos comprimidos e cremes antivirais, há também uma forma de tratamento com laser, que ajuda a melhorar a cicatrização das lesões, mas não cura. Isso também deve ser orientado pelo médico.

— A prevenção é feita com o uso de preservativos no sexo, enquanto o tratamento é feito com o uso de medicamentos antivirais — explica Egydio.

Doença de Peyronie

Outra das principais comorbidades sérias que estão associadas aos nódulos no pênis é a Doença de Peyronie que, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBUSP), afeta 10% dos homens 一 principalmente acima dos 40 anos.

Causada pela formação de fibroses dentro do pênis, decorrentes de traumas, a comorbidade altera a curvatura do órgão, afinamento do pênis e a diminuição de seu tamanho, dependendo de onde o nódulo é encontrado e seu tamanho. Ela também vem acompanhada de dor durante a ereção e dificuldade na ejaculação.

— A doença acaba com quase toda a saúde mental do homem porque deforma e desestrutura o pênis. Quanto mais tempo ficar sem o tratamento, pior para o órgão. Os pacientes precisam ser orientados sobre não forçar o pênis durante uma penetração se não tiver uma boa lubrificação; só penetrar se tiver boa ereção e não realizar o ato se o pênis não estiver semiereto. A dobra do órgão pode facilitar o aparecimento das fibroses — diz o urologista.

O tratamento da Doença de Peyronie pode ser feito através de medicações, exercícios e até cirurgia.