O DEM encurtou a polêmica e, nessa segunda-feira, decidiu expulsar o ex-presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (RJ), por infração disciplinar. Maia, que já havia pedido desfiliação da sigla em comunicado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando perseguição política e falta de alinhamento no partido, se tornou um dos críticos do presidente nacional da sigla, ACM Neto.


A insatisfação de Rodrigo Maia no DEM ganhou corpo logo após a sua saída da Presidência da Câmara que culminou com a aproximação de ACM Neto com o Palácio do Planalto. Maia é opositor à gestão Bolsonaro e, em seu mandato à frente da Mesa Diretora da Câmara Federal, criou contrapontos à agenda do Governo.


Com a guinada governista do DEM, Maia passou a expor as divergências com o presidente da executiva nacional da sigla, ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e começou a traçar um novo destino partidário. O ex-presidente da Câmara Federal recebeu convite do PSD, PSDB e MDB, mas ainda não anunciou a que partido irá se filiar. Maia, em mensagem pelas redes sociais, criticou a decisão e disse que sua expulsão é “lamentável”.

Em declaração ao Jornal Correio Braziliense, Rodrigo Maia chamou ACM Neto de “Torquemada Neto”, em referência ao inquisidor espanhol Tomás de Torquemada.

“O DEM decidiu me expulsar de seus quadros. O presidente Torquemada Neto, usando o seu poder para tentar calar as merecidas críticas à sua gestão, tomou essa decisão. É lamentável o caminho imposto pelo Torquemada para o partido”, pontuou.


Segundo Rodrigo Maia, o DEM se transformou em moeda de troca na relação com o Palácio do Planalto, daí a sua iniciativa antecipar, antes da expulsão, o seu desligamento dos quadros da agremiação.

“Não só por isso, mas também pela sua deslealdade e falta de caráter, pedi a minha desfiliação. O partido diminuiu. Virou moeda de troca junto ao governo Bolsonaro. Agora é virar a página e juntar forças para um projeto de desenvolvimento do Brasil e em prol dos brasileiros”, continuou.


A expulsão de Rodrigo Maia encerra um capítulo na relação com o DEM e o preserva, também, de uma eventual ameaça de perda de mandato. De acordo com o Código Eleitoral, o mandato conquistado pelo voto proporcional (vereador, deputado estadual e deputado federal) pertence ao partido, daí a iniciativa de Rodrigo Maia pedir ao TSE a sua desfiliação do DEM para não sofrer sanção, como, por exemplo, a perda do mandato. Com a expulsão, Maia tem o mandato preservado.