Há pouco menos de um século, em 24 de fevereiro de 1932, as mulheres conquistaram o direito de escolher seus representantes por meio do voto, após intensa campanha nacional. Em 1995, a legislação eleitoral determinava o percentual mínimo de 20% – posteriormente ampliado para 30% – das vagas de cada partido ou coligação para mulheres. Em 2018, a luta pela maior representatividade feminina nos parlamentos municipais, estaduais e nacional continua.

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, as deputadas cearenses trazem algumas reflexões a respeito do que já foi e do que ainda precisa ser conquistado pelas mulheres no contexto político.

A deputada Augusta Brito (PCdoB) ressalta que, apesar de as mulheres representarem mais de 52% do eleitorado brasileiro, a participação feminina no Congresso Nacional não chega a 10% – fato que ela atribui à questão histórica e cultural. “O machismo ainda é enorme. Há pouco tempo começamos a votar, então, ter a participação da mulher de igual para igual com o homem não é muito fácil. Eu vejo por experiência própria: a gente tem que trabalhar o dobro para ter algum reconhecimento que seja igual ao de qualquer outro que esteja aqui. Melhorou, mas melhorou pouco”, avalia.

Já a deputada Fernanda Pessoa (PR) destaca que, para além do machismo, é preciso romper os obstáculos e os costumes.“Também acredito que haja resistência da mulher por medo, por acreditar que esse seja ainda um espaço do homem”, opina. A parlamentar acrescenta ainda que é importante incentivar a participação feminina na política, pois são as mulheres que sabem das necessidades femininas. “Somos nós mulheres que temos de opinar pela saúde que a gente quer, pelos direitos no mercado de trabalho e pelas leis no combate à violência doméstica”, enfatiza.

Segundo a deputada Rachel Marques (PT), a necessidade de políticas que valorizem o acesso das mulheres no Executivo e Legislativo é urgente. A parlamentar comenta que medidas como a cota de 30% de candidaturas femininas, vigente na legislação eleitoral desde 1995, não têm conseguido cumprir o seu papel.

“Acredito que a falta de apoio dos partidos políticos é um dos principais fatores da baixa representatividade feminina na política. Os partidos precisam realizar ações que estimulem suas filiadas”, pontua. Para Rachel Marques, os recursos do Fundo Partidário precisam incentivar a ampliação da bancada feminina e devem ser utilizados em uma política de financiamento de campanhas das mulheres.

A deputada Mirian Sobreira (PDT) salienta que não é fácil ser mulher e estar na política. “Muitas vezes os próprios partidos não investem, de fato, em candidaturas femininas e só se preocupam em atingir o número mínimo de candidatas para atender à lei”, critica. A parlamentar enfatiza ainda a necessidade de as mulheres se fortalecerem, acreditarem e confiarem umas nas outras. “A população cearense é, em sua maioria, formada por mulheres. Então por que temos tão poucas nos representando? Na própria Assembleia, por exemplo, nós temos 46 deputados e apenas 7 são mulheres”, questiona.

De acordo com a deputada Bethrose (PMB), a presença feminina nas lideranças de entidades comunitárias e sindicatos também é importante por representar, para muitas mulheres, a porta de entrada na política. “Se fortalecermos a participação feminina nesses espaços, estaremos trazendo mais qualificação para o debate público e abrindo as portas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, destaca.

Na avaliação da deputada Dra. Silvana (MDB), as mulheres têm tido presença ativa do cenário político, seja no âmbito federal, estadual ou municipal e houve muitos avanços no que concerne à participação da mulher na política. “Faço parte de uma geração de mulheres guerreiras, que trabalham, cuidam de suas casas, estudam e acumulam as mais diversas funções. Ainda há muito a se conquistar, mas esse progresso não pode ser deixado passar em branco”, ressalta.

Com Agência AL