Malucos, despirocados, irresponsáveis… A lista é enorme. Dedo podre para relacionamento foi o meu segundo nome durante longos anos. E somente quando “me dei” um basta e comecei a analisar por que isso acontecia, fui capaz de mudar. Spoiller: passa pela forma com que a gente se vê e se aceita.

No vasto universo dos relacionamentos amorosos, essa expressão popular ressoa entre muitos: “dedo podre”. Este termo é frequentemente usado para descrever pessoas que parecem ter uma habilidade quase sobrenatural de atrair parceiros problemáticos, irresponsáveis, ou emocionalmente instáveis. Mas por que isso acontece? Quais são os fatores que levam alguém a repetidamente escolher parceiros que não contribuem para seu bem-estar emocional? Vamos explorar algumas das razões mais comuns e quem sabe assim você, que se acha dentro desse atoleiro, saia de vez. Porque pode até ser engraçado conviver com uma pessoa meio doidinha, mas no dia a dia, não, ninguém merece!

A primeira constatação que fiz tinha a ver com minha autoestima, ou melhor, baixíssima autoestima, sempre olhava os outros, movendo minha cabeça para trás, porque todo mundo sempre me pareceu mais alto do que eu, mais inteligente do que eu, mais próspero do que eu. Me auto intitulava “burrinha” e não raro me colocava para baixo.

1. Baixa Autoestima

A baixa autoestima é uma das principais razões pelas quais uma pessoa pode atrair parceiros problemáticos. Quando alguém não se valoriza, pode aceitar comportamentos que não toleraria se tivesse uma autoestima saudável. Pessoas com baixa autoestima podem acreditar que não merecem ser tratadas com respeito e amor, e assim, acabam se contentando com menos do que realmente merecem.

Com a ajuda de uma psicóloga, fui enveredando nos motivos ocultos que me levavam a atrair tantos lelés da cuca assim para a minha vida.

Lembrei que minha madrinha, que me criou, comentava com outras pessoas não se importando se eu estava ouvindo: “Muito burrinha”, “não aprende nada”, vai ser nada na vida, coitada… Além disso sua casa era um inferno, com primos e tio brigando o tempo todo. Quando fiz dezesseis anos, fui trabalhar em uma casa de família. Fiquei feliz em me ver livre daquele inferno e eles ficaram felizes em se livrar do “estorvo”.

2. Ciclos de Comportamento Aprendido:

Muitas vezes, os padrões de relacionamento que seguimos são aprendidos na infância. Se alguém cresceu em um ambiente onde relacionamentos abusivos ou disfuncionais eram a norma, pode inconscientemente buscar parceiros que reproduzam esses comportamentos. Esses padrões de comportamento podem ser incrivelmente difíceis de quebrar, especialmente se a pessoa não está ciente deles.

Para mim foi fácil entender o processo, assim como foi fácil entender que sempre estava tentando salvar alguém: a tentativa era de me salvar.

3. Necessidade de Consertar ou Salvar

Algumas pessoas têm uma forte tendência a querer “salvar” ou “consertar” seus parceiros. Esse desejo pode vir de um lugar de empatia e bondade, mas também pode ser prejudicial. Atraímos aquilo que tentamos consertar, e isso pode levar a um ciclo interminável de relacionamentos com pessoas que necessitam de ajuda, mas que não estão prontas ou dispostas a mudar e como aconteceu isso em minha vida, era adepta da falsa premissa de que “eu o mudo depois”.

4. Falta de Limites Saudáveis

Limites saudáveis são cruciais em qualquer relacionamento. Pessoas que têm dificuldade em estabelecer ou manter esses limites podem atrair parceiros que se aproveitam dessa fraqueza. Sem limites claros, é fácil cair em padrões de comportamento onde o parceiro desrespeita ou explora a outra pessoa.

5. Medo da Solidão

Nem preciso dizer que essa era a minha tônica: antes mal acompanhada do que só.

O medo da solidão é um fator poderoso que pode levar alguém a entrar em relacionamentos problemáticos. A ideia de estar sozinho pode ser tão assustadora que a pessoa prefere estar com alguém, mesmo que esse alguém não seja uma boa influência ou um parceiro adequado. Esse medo pode fazer com que a pessoa ignore bandeiras vermelhas e sinais de alerta.

6. Atração pela Excitação

Há pessoas que se sentem atraídas pela excitação e pelo drama que relacionamentos problemáticos podem proporcionar. Esse tipo de relacionamento pode ser emocionalmente intenso, e para algumas pessoas, essa intensidade é confundida com paixão e amor verdadeiro. No entanto, essa intensidade frequentemente vem com muita instabilidade e dor emocional.

Com o trabalho psicológico que fiz, já voltando a estudar e depois de dois relacionamentos mais sérios, frustrados, senti que finalmente as coisas mudariam. Estava começando a me apaixonar pela pessoa certa desta vez: Eu mesma!

7. Falta de Autoconhecimento

Autoconhecimento é a chave para entender porque fazemos as escolhas que fazemos. Sem uma compreensão clara de nossos próprios valores, necessidades e desejos, é fácil fazer escolhas que não estão alinhadas com quem realmente somos. A falta de autoconhecimento pode levar a uma série de escolhas ruins em relacionamentos, atraindo parceiros que não são compatíveis conosco em um nível profundo.

Finalmente eu estava preparada para sair do buraco e deixar para trás o ciclo do “Dedo Podre”

Romper o ciclo de atrair parceiros problemáticos não é fácil, mas é possível. Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar, porque me ajudaram e ajudam até hoje, porque não se trata somente de relacionamentos amorosos, amizades, ambientes de trabalho, podemos atrair o melhor ou o pior, por isso vigiar é preciso.

1. Terapia e Aconselhamento

Buscar ajuda profissional pode ser um passo crucial. Terapia ou aconselhamento pode ajudar a identificar padrões de comportamento e crenças subjacentes que estão contribuindo para escolhas ruins em relacionamentos.

2. Desenvolvimento da Autoestima

Trabalhar na autoestima pode mudar radicalmente a maneira como alguém se relaciona. Isso pode incluir praticar autocuidado, estabelecer metas pessoais, e rodear-se de pessoas que apoiam e valorizam e antes e principalmente: Se apaixonar pela pessoa incrível que você é! Porque você é ou teriam várias cópias suas, mas você é tão especial que é uma pessoa ÚNICA!

3. Educação e Conscientização

Educar-se sobre relacionamentos saudáveis e aprender a reconhecer sinais de alerta pode prevenir muitas escolhas ruins. Livros, workshops e grupos de apoio podem ser recursos valiosos.

4. Estabelecer Limites

Aprender a estabelecer e manter limites é essencial. Isso inclui ser claro sobre o que é aceitável e o que não é em um relacionamento e não ter medo de se impor e menos ainda de sair fora se não quiserem rezar pela sua cartilha!

5. Tempo para si Mesmo

Passar um tempo sozinho pode ser incrivelmente benéfico. Isso permite que a pessoa se conheça melhor e entenda suas próprias necessidades e desejos, sem a influência de um parceiro. O medo da solidão diminui à medida que a pessoa se torna mais confortável consigo mesma. Foi neste momento que desenvolvi um amor enorme por longas caminhadas, quando podia conversar bastante comigo mesma.

6. Redefinição de Expectativas

Reavaliar e redefinir o que se espera de um relacionamento pode ajudar a atrair parceiros mais adequados. Isso inclui definir claramente os valores e qualidades que são importantes e não se contentar com menos.

7. Cultivar Relacionamentos Saudáveis

Rodear-se de amizades e relacionamentos familiares saudáveis pode servir como um modelo positivo. Esses relacionamentos podem fornecer suporte e mostrar o que é possível em termos de interações respeitosas e amorosas.

Conclusão

Ter “dedo podre” não é uma sentença vitalícia. Entender as razões subjacentes pelas quais alguém pode atrair parceiros problemáticos é o primeiro passo para mudar esses padrões. Com autoconhecimento, apoio adequado e um compromisso com o crescimento pessoal, é possível romper o ciclo e construir relacionamentos saudáveis e satisfatórios.

Ah, hoje estou casada e sou mãe de uma menina e sim, somos almas gêmeas, nos amamos e nos respeitamos.

Transformar a maneira como nos relacionamos começa por dentro. Ao trabalhar em nós mesmos e entender nossas necessidades e padrões, podemos atrair parceiros que realmente nos valorizam e contribuem para nosso bem-estar emocional. O caminho para relacionamentos saudáveis pode ser desafiador, mas é sempre recompensador.

(*)com informação do Jornal Extra