Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2016 alcançaram R$ 88,3 bilhões, queda de 35% em relação a 2015. Esse foi o menor resultado do banco desde 2007, quando as liberações de recursos somaram R$ 64,89 bilhões em valores correntes.

Os números foram divulgados hoje (31), na sede da instituição, no Rio de Janeiro, pelo superintendente da Área de Planejamento e Pesquisa do BNDES, Fabio Giambiagi, e demonstram a manutenção da baixa atividade da economia nos últimos meses, com retração do investimento.

Ao longo do ano passado, à exceção de julho, todos os desembolsos mensais do BNDES foram menores que os dos respectivos meses de 2015. A redução foi observada também nas consultas, enquadramentos e aprovações de projetos no banco, que caíram, respectivamente, 11%, 16% e 28%.

Giambiagi descarta a volta ao patamar de desembolsos de R$ 100 bilhões por ano ainda em 2017. “Não seria realista”, reconheceu.

Entre os dados positivos registrados em 2016, estão o aumento de 1% nos desembolsos para a agropecuária (R$ 13,89 bilhões) e o crescimento de 68% na atuação do banco no curto prazo no financiamento do capital de giro das empresas brasileiras, por meio do Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren), com liberação de R$ 2,7 bilhões, a maior parte para micro e pequenas empresas.

Otimismo

Apesar da queda geral nos desembolsos do BNDES, Giambiagi disse que há elementos que indicam melhora da situação para 2017 e 2018, como o controle da inflação e a redução da taxa básica de juros, a Selic, que, segundo analistas do banco, pode fechar 2017 entre 9,5% e 9,75% ao ano. A Selic hoje está em 13% ao ano.

Além disso, segundo Giambiagi, em termos globais, o cenário é de recuperação gradual da economia, com “o pé no acelerador”. De acordo com o superintendente, o BNDES está preparado para esse movimento de retomada e revisou suas políticas internas operacionais para se adequar ao novo momento.

Para 2017, Fabio Giambiagi disse que o BNDES trabalha com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 0,5% e 1%. Segundo ele, a retomada mais sustentável e de forma mais continuada deve ser observada a partir de 2019, com taxas de 3% ao ano.

Setores

O setor da indústria liderou os desembolsos do BNDES em 2016, com R$ 30,14 bilhões, o equivalente a 34,2% do total liberado. A queda em comparação a 2015 foi de 18%. Para a infraestrutura, foram liberados R$ 25,8 bilhões, redução de 53% em relação ao ano anterior. Comércio e serviços tiveram desembolsos de R$ 18,31 bilhões, 40% menos que em 2015.

Para as exportações, os desembolsos do BNDES no ano passado atingiram US$ 4,39 bilhões, com alta de 110%.