Embora a taxa de desocupação (14,4%) do trimestre de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021 tenha ficado estável em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2020 (14,1%), com alta de 2,7 pontos percentuais em relação a 2020 (11,6%), o número de desempregados (14,4 milhões) bateu novo recorde da série histórica iniciada em 2012, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Houve crescimento de 2,9% (mais 400 mil desocupados) ante o trimestre de setembro a novembro de 2020 (quando eram 140 milhões) e subiu 16,9% (mais 2,1 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2020 (12,3 milhões de pessoas).
“Embora haja a estabilidade na taxa de ocupação, já é possível notar uma pressão maior com 14,4 milhões de pessoas procurando trabalho. Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas. Muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação. O trimestre volta a repetir a preponderância do trabalho informal, reforçando movimentos que já vimos em outras divulgações — a importância do trabalhador por conta própria para a manutenção da ocupação”, comenta a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A estabilidade — 85,9 milhões de ocupados no trimestre encerrado em fevereiro de 2021 — é consequência da informalidade, com o crescimento de trabalhadores por conta própria. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a quantidade de empregados caiu 8,3%, uma redução de 7,8 milhões de pessoas. O nível de ocupação, que é o percentual de ocupados na população em idade de trabalhar, ficou em 48,6% de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, estável em relação ao trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2020, quando o nível da ocupação no Brasil foi de 54,5%, a variação foi negativa (-5,9 pontos percentuais).
Subutilização sobe
A taxa de subutilização (29,2%), pessoas que gostariam de trabalhar por período maior, ficou estável frente ao trimestre anterior (29,0%) e subiu 5,7 pontos percentuais, em relação a 2020 (23,5%). A população subutilizada (32,6 milhões) cresceu 21,9% (mais 5,9 milhões de pessoas) em relação a igual trimestre de 2020. Apenas a categoria por conta própria (23,7 milhões) cresceu (3,1%) na comparação com o trimestre anterior, o que significa mais 716 mil pessoas. Em relação ao mesmo período do ano anterior, no entanto, houve redução de 824 mil postos.
As demais categorias ficaram na estabilidade em relação ao trimestre anterior. Os trabalhadores do setor privado com carteira de trabalho assinada foram estimados em 29,7 milhões de pessoas. Os empregadores e trabalhadores do setor privado sem carteira assinada somam 9,8 milhões de pessoas. E os empregadores, 3,9 milhões de pessoas. Na comparação com 2020, porém, houve queda 11,7%, ou menos 3,9 milhões postos de trabalho para empregados no setor privado com carteira assinada.
Em relação o mesmo trimestre de 2020, também foi registrada redução de 1,8 milhão de empregadores e trabalhadores do setor privado sem carteira assinada; e menos 552 mil empregadores. “O trimestre encerrado em fevereiro de 2020 ainda era um cenário pré-pandemia e qualquer comparação com esse período vai mostrar quedas anuais muito acentuadas. Isso explica o porquê da estabilidade no trimestre e alta no confronto anual”, esclarece Beringuy.
Rendimento médio cai 2,5%
A massa de rendimento real habitual ficou estável na comparação com o trimestre anterior, estimada em R$ 211,2 bilhões. Frente a 2020, houve queda de 7,4%, o que representa uma redução de R$ 16,8 bilhões na massa de rendimentos, informou o IBGE. O rendimento médio habitualmente recebido caiu 2,5% no trimestre de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021 frente ao trimestre encerrado em novembro de 2020, e foi estimado em R$ 2.520. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve estabilidade.
(*) Com informações Correio Braziliense