A taxa de desemprego no Brasil caiu para 11,7% no trimestre encerrado em outubro, mas ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi a sétima queda mensal seguida do desemprego no país e da taxa mais baixa desde o trimestre terminado em julho de 2016, quando foi de 11,6%. A queda foi puxada mais uma vez pelo aumento do número de trabalhadores sem carteira e por conta própria, que bateram recorde.

Eleições ajudaram na criação de vagas

De acordo com o IBGE, a queda no desemprego está ligada à criação de postos de trabalho para atuar nas eleições. O aumento no contingente de ocupados foi distribuído entre os grupos de atividade, com destaque para informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (mais 214 mil pessoas) e outros serviços (mais 240 mil pessoas).

No grupo de informação estão as pessoas ocupadas nas pesquisas eleitorais, e, no grupo de outros serviços, os cabos eleitorais e todo o pessoal que trabalhou fazendo campanha para os candidatosCimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A pesquisa mostra, ainda, que as pessoas que trabalharam nas eleições engrossaram o contingente de subocupados por insuficiência de horas (pessoas que gostariam de trabalhar mais horas por dia), que chegou a 7 milhões no trimestre encerrado em outubro, um aumento de 6,4% (418 mil pessoas a mais). Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (agosto a outubro de 2017) esse indicador apresentou, também, variação positiva (10,5%).

 

Informalidade continua crescendo

Além disso, o órgão destacou que a taxa está recuando sustentada por vagas abertas no setor informal, sem carteira de trabalho assinada. Os empregados com carteira de trabalho não dão nenhum sinal de aumentar. O que aumenta são os empregados sem carteira e os trabalhadores por conta própria, principalmente sem CNPJ
Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A quantidade de empregados no setor privado sem carteira assinada cresceu 4,8% em relação ao trimestre anterior, chegando a 11,6 milhões de pessoas (aumento de 534 mil ocupados). Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 5,9%, ou 649 mil pessoas a mais.

Já o número de trabalhadores por conta própria cresceu 2,2%, alcançando 23,6 milhões de pessoas (497 mil a mais que no trimestre anterior). Frente ao mesmo período do ano anterior, o indicador também apresentou elevação, de 2,9%, representando mais 655 mil pessoas.

Vagas com carteira e rendimento

O número de empregados no setor privado com carteira assinada foi de 32,9 milhões de pessoas, ficando estável tem relação ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado. Segundo o IBGE, o rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 2.230 no trimestre de agosto a outubro, resultado considerado estável em ambas as comparações.

Desalento 

De acordo com o IBGE, o país registrou 4,7 milhões de pessoas em situação de desalento (que desistiram de procurar emprego) no trimestre encerrado em outubro de 2018. O número ficou estável em relação ao trimestre anterior.

Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, porém, este indicador apresentou alta de 10,6%.
A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade –e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.

Recuperação lenta

O mercado de trabalho vem mostrando dificuldade de recuperação diante do crescimento da economia.
Pesquisa Focus mais recente do Banco Central, que ouve cerca de uma centena de economistas toda semana, mostrou que as expectativas para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano estavam em 1,39%.

Metodologia da pesquisa

A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.
Existem outros números sobre desemprego apresentados pelo Ministério do Trabalho, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.

Com informação do UOL