A segunda troca de comando no Ministério da Saúde, em menos de 30 dias, é ruim para o Governo Bolsonaro e péssima para o Brasil. Ruim porque mostra os desencontros e as divergências internas sobre o que pensa o presidente da República e o que deseja a equipe de técnicos da Saúde sobre as medidas que devem ser adotadas para o enfrentamento da pandemia do coronavírus.
A queda de Nelson Teich, assim como aconteceu com o antecessor Luiz Henrique Mandetta, retrata incerteza sobre a estabilidade que o País mais precisa para os brasileiros – empregadores e trabalhadores, vencerem a amarga travessia que destrói vidas e engole milhões de empregos.
Mandetta fazia um bom trabalho, tinha diálogo com prefeitos e governadores e caiu porque se contrapôs aos argumentos presidenciais para o estímulo ao uso de um medicamento – a cloroquina, como caminho para tratar pacientes e salvar vidas. Mandetta, como como Teich, defendeu os estudos científicos que justificassem a eficácia da medicação.
A queda foi precipitada porque, de forma involuntária, Mandetta cresceu e, ao olhar dos aliados do Palácio do Planalto, passou a ser ameaça ao projeto de reeleição de Bolsonaro em 2022.
Teich não esquentou a cadeira, foi atropelo pela máquina que triturou o antecessor e, ao ser desmoralizado com o anúncio presidencial sobre a ampliação de atividades consideradas essenciais, perdeu as condições para permanecer no cargo. Refletiu e, 72 horas após a medida sobre a abertura de serviços que passariam a ser considerados essenciais – como salões de beleza, colocou a cabeça sobre o travesseiro e – de forma digna, fez a opção de entregar o cargo.
A pandemia do coronavírus exige união do Governo Federal, dos Estados e dos Municípios para que as ações conjuntas de combate ao inimigo invisível tenham melhores resultados. Os conflitos administrativos, marcados, também, pela disputa política e pré-eleitoral – a curto e médio prazo, contribuem para o descompasso que coloca vidas em risco e ameaça fechar centenas de estabelecimentos e acabar com milhares de empregos. Essa é uma dura realidade que enfrentamos. A travessia ainda é longa e amarga!