A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tem a campanha mais cara entre os candidatos ao Senado até o momento em todo o País. “Focada em denunciar o ‘golpe’”, como ela chama o processo de impeachment que sofreu, Dilma gastou R$ 3,06 milhões na disputa por uma vaga no Senado pelo Estado de Minas Gerais.
O levantamento com dados do Tribunal Superior Eleitoral foi feito na última segunda, 10, e inclui os 357 candidatos ao Senado. O valor gasto pela petista supera até mesmo despesas de campanhas de presidenciáveis como Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL).
Dilma foi afastada em 2016, mas não perdeu direitos políticos e hoje lidera a disputa ao Senado em Minas. A petista tem 26% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Apenas 0,5% do valor arrecadado por Dilma vem de fonte privada – no caso, financiamento coletivo. O PT é responsável por todo o resto.
A campanha de Dilma até agora representa mais da metade de todo o gasto em campanhas petistas ao Senado —R$ 5,6 milhões. Segundo a equipe da candidata, a soma deve crescer ainda e bater o teto de R$ 4,2 milhões, uma vez que a campanha serve como plataforma para ecoar ideias defendidas pelo partido, entre elas a de que o impeachment foi um golpe parlamentar.
“A eleição dela é prioridade para o PT porque foi vítima do golpe de Estado e tem a oportunidade de denunciar aos eleitores os desmandos do governo Temer”, diz a assessoria da candidata. As peças publicitárias da petista acusam o governo Michel Temer (MDB) de ser entreguista, elitista e machista.
Outra propaganda narrada pela própria Dilma critica a prisão de Lula, comparando-o com Nelson Mandela e Martin Luther King. No mesmo vídeo, coberto com imagens da advogada Janaína Paschoal agitando uma bandeira do Brasil, Dilma não usa a palavra presidenta, como gostava de ser chamada. “Deixamos Lula ser preso e eu, uma presidente honesta, ser ilegalmente destituída”, diz a petista.
Além de investir em campanhas para TV, Dilma tem rodado Minas dando entrevistas e participando de eventos. A repercussão, algumas vezes, ultrapassa o estado, graças a gafes da ex-presidente. Na segunda, 10, em Belo Horizonte, por exemplo, ela causou gargalhadas na plateia ao errar três vezes o nome da ex-BBB Mara Telles, candidata a deputada estadual pelo PC do B.
Em outro caso, vazou um áudio de uma entrevista gravada com uma rádio, em que Dilma interrompe a gravação para pedir um papel com informações a um assessor chamado Valdeci.
Deslizes à parte, Dilma mantém situação confortável na disputa. Ela está 15 pontos percentuais acima do segundo colocado, o jornalista Carlos Viana (PHS), com 11%. A segunda campanha ao Senado mais cara do Brasil é de um concorrente direto de Dilma: Rodrigo Pacheco, do DEM. Ele gastou até agora R$ 2,72 milhões. No topo da lista de campanhas mais caras ao Senado, Dilma tem a companhia vários políticos ligados a Temer. Entre eles, o líder do governo na Câmara, André Moura, do PSC de Sergipe, e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, do DEM de Pernambuco.
Para presidente, a campanha mais cara até aqui é a de Henrique Meirelles (MDB) com R$ 39,2 milhões em gastos. Depois, vêm Lula R$ 19,7 milhões, e Geraldo Alckmin (PSDB), com R$ 9,3 milhões.
Em primeiro na corrida presidencial, Bolsonaro gastou R$ 825,6 mil. Marina e Ciro também têm gastos mais modestos: R$ 1,8 milhão e R$ 1,4 milhão, respectivamente.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo