A pandemia causada pelo novo coronavírus impacta de diferentes formas cada área social. Com o isolamento estabelecido para minimizar a propagação do vírus, as pessoas tem que permanecer por mais tempo em casa, saindo apenas quando necessário. Nesse cenário, surge a preocupação com aqueles que sofrem violência doméstica e que, diante de um isolamento domiciliar, permanecem mais tempo na presença do agressor.

Em sua participação no Jornal Alerta Geral desta terça-feira (21), a advogada Ana Zélia Cavalcante trouxe informações sobre a situação da violência doméstica durante esse período de isolamento social. De acordo com a advogada, mais de 70% dos casos desse tipo de violência acontecem dentro das residências.

Segundo um relatório divulgado neste mês pela ONU Mulheres, entidade da Organização das Nações Unidas para igualdade de gênero e empoderamento, a violência física e sexual contra mulheres aumenta durante isolamento social provocado pelo coronavírus.

No Brasil, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que a quarentena gerou um aumento de quase 9% no número de ligações para o canal Ligue 180, que recebe denúncias de violência contra a mulher: entre os dias 1° e 16 de março, foram 3.045 ligações e 829 denúncias; já entre os dias 17 e 25 de março, esses números saltaram para 3.303 e 978, respectivamente.

No entanto, a advogada destaca que no Ceará a situação caminha no sentido oposto. Um levantamento da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública do Ceará (Supesp) mostrou queda significativa no número de ocorrências de violência doméstica contra a mulher durante o período da quarentena no estado.

Do dia 20 de março até o último dia 12 de abril, foram 703 casos registrados pela Polícia Civil do Ceará. Em igual período do ano passado, o número destas ocorrências chegou a 1.386. Os dados mostram que de um ano para o outro houve redução de 49,2%. Mesmo com a redução de denúncias, que aparentemente parecem significar a redução de casos, a advogada alerta que a situação é preocupante:

“Não significa que não esteja havendo violência doméstica no nosso estado, significa que um menor número de mulheres tem recorrido às autoridades de segurança pública para denunciar os casos em que são vítimas”, salienta Ana Zélia.

Confira na íntegra o comentário da advogada Ana Zélia Cavalcante: