Os dois anos iniciais da pandemia causaram a queda da doação de órgãos no Ceará, mas o quadro começou a mudar: entre janeiro e julho deste ano, 133 doações efetivas foram feitas, ante as 83 do igual período de 2020. O aumento de 60%, no entanto, poderia ser maior, já que em média 3 a cada 10 famílias recusam conceder os órgãos dos pacientes falecidos. Os dados de doações e transplantes são da Secretaria da Saúde do Ceará, disponíveis na plataforma IntegraSUS. Já o balanço das entrevistas para doação é da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Entre janeiro e junho deste ano, foram realizadas 266 abordagens com famílias de potenciais doadores de órgãos, mas 85 recusaram o pedido. Esse é um dos fatores ligados à espera angustiante de quem precisa de um órgão para sobreviver.


O Ceará registrou 1.061 pacientes ativos na fila de espera para transplante de órgãos, sendo a maior demanda, com 908 casos, por rim. Na sequência, vem fígado e pulmão, como detalham os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Cerca de 7 pessoas podem ser beneficiadas com córneas, rins, pulmões, coração e fígado – por exemplo – de um mesmo doador. Mas, no luto, muitas famílias não conseguem pesar o impacto positivo e optam por não ceder os órgãos. Por isso, profissionais da saúde, pacientes e famílias buscam conscientizar a população e orientam que o desejo de doar órgãos seja comunicado. “Precisa apenas dizer para a família a vontade o que, normalmente, é respeitado no momento de muita dor”.