Após tentar trazer o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para ser o vice de sua chapa nas eleições para presidente da República deste ano, o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, falou sobre a possibilidade de uma aliança com a ex-senadora Marina Silva (Rede) nessa segunda-feira, 12.

Em entrevista ao Uol, Ciro disse que quer marcar uma conversa com a também pré-candidata ao Planalto.  Segundo o Portal de Notícias apurou, o PDT e a Rede veem com entusiasmo a união dos candidatos. A aliança, contudo, enfrentaria dificuldades de se consolidar, pois tanto Ciro quanto Marina desejam ocupar a cabeça da chapa.

O ex-ministro sinalizou em evento nessa segunda, em São Paulo, que a união com Marina pode fazer parte de seu plano na corrida eleitoral. “[A chapa com Marina seria o] dream 2. Você pode usar o two, de dois, ou too [também, em inglês] para o Bolsonaro entender direitinho”, disse a jornalistas.

Na análise de Ciro, a pré-candidata da Rede está em um campo político “isolado”, que não responde nem pelo centro-esquerda ou centro-direita. “Ela entra com muita dificuldade de posicionamento”.

Ciro já falou em diversas ocasiões, e reiterou na semana passada, durante o lançamento oficial de sua pré-candidatura, que uma chapa formada por ele e Haddad seria um “dream team” (time dos sonhos, em inglês). No entanto, o PT já lançou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como pré-candidato em chapa própria. A candidatura do petista ainda depende de um aval da justiça eleitoral, já que, em tese, ele está inelegível pela Lei da Ficha Limpa devido ter sido condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Na última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, divulgado em 31 de janeiro, Lula liderou os cinco cenários em que foi testado. Sem ele, a primeira posição ficou com Jair Bolsonaro. Marina Silva variou entre a segunda e a terceira posição, sempre atrás do ex-presidente e do deputado federal. Ciro Gomes chegou a aparecer na vice-liderança das intenções de voto nos cenários sem Lula e sem Marina. O ex-ministro flutuou entre 6% e 13%.

Ciro voltou a afirmar que irá ao segundo turno contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mas provocou dizendo que o deputado federal Jair Bolsonaro seria o o adversário preferido.

“Ninguém escolhe adversário. Mas se eu pudesse escolher, escolheria ir com ele [Bolsonaro], porque a minha candidatura representaria todo lado civilizado e isso anteciparia e muito o debate que eu gostaria para o País”, disse.

Sem acordo com o mercado

Questionado sobre como será o diálogo com o mercado, Ciro afirmou que baseará o seu plano de governo econômico nos interesses dos trabalhadores. “[Os interesses do mercado] são respeitabilíssimos, mas [o mercado] haverá de se subordinar aos interesses de quem trabalha ou de quem produz se eu, um dia, servir ao Brasil como presidente da República”, disse.

Ciro também rejeitou tomar uma atitude como a de Lula, na campanha de 2002, ao enviar uma Carta ao Povo Brasileiro com intuito de acalmar o mercado. “Jamais assinaria aquela carta. Aquilo subalterniza a autoridade do presidente, elege no lugar do povo uma força que não deveria prevalecer sobre o conjunto da população”, disse.

Político de visão de desenvolvimentista, Ciro fez um discurso contra a desconfiança do mercado. “No meu governo não haverá susto, já disse e quero repetir, ninguém precisa ter medo, não haverá susto.”

Com informações do Uol Notícias