A projeção do Ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, de que a curva de transmissão do coronavírus só terá queda brusca em setembro, tem levantado um debate importante dentro das casas legislativas e no interior das agremiações partidárias acerca da possibilidade de adiamento das eleições municipais deste ano. O assunto foi destaque no Bate-Papo político entre os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida dentro do Jornal Alerta Geral desta segunda-feira (23).
Com o primeiro turno das eleições marcado para o dia 05 de outubro, muitos partidos já estavam se antecipando e realizando encontros regulares nos municípios a fim de fortalecerem suas bases e conquistarem novos filiados para as siglas. O período de janela partidária, que se encerra no dia 04 de abril conforme o TSE, também vinha sendo aproveitado para as trocas de partido entre personagens, contudo, foi interrompido diante das recomendações de isolamento social para contenção de contágio pelo coronavírus.
“É algo que tem que ser pensado agora” – a afirmação foi dita pelo jornalista Beto Almeida em sua participação, ao falar sobre o calendário dos partidos em relação às previsões dos órgãos da saúde no que se refere a propagação de Covid-19. Segundo Beto, o cumprimento das agendas que antecedem o pleito, com caminhadas, carreatas e convenções partidárias podem contribuir para que o vírus se espalhe e por isso é tão importante se antecipar na decisão sobre as datas para realização da disputa eleitoral.
Um dos pioneiros na defesa pelo adiamento das eleições foi o deputado Júlio Delgado (PSD-GO), que também endossa a ideia de utilizar os recursos do fundo eleitoral, que chega a R$ 2 bilhões de reais, na elaborações de ações e estratégias de enfrentamento ao coronavírus nos municípios de todo o país. Construção de novos leitos, compra de testes para o Covid-19 e também de equipamentos de proteção para os profissionais da saúde que estão diariamente no combate à doença, são alguns dos objetivos propostos para aplicação do dinheiro.
Em seu comentário, o jornalista Luzenor de Oliveira cita que o debate tem se estendido até as redes sociais e ganhado força com o apoio de personalidades da área artística como Ivete Sangalo, Padre Fábio de Melo e Daniela Mercuri. Todos fizeram publicações em seus perfis nas redes defendendo a destinação dos recursos do fundo eleitoral para a área da saúde neste momento crítico. O adiamento também foi defendido pelo próprio ministro Mandetta que disse: “Eleição no meio do ano é uma tragédia, vai todo mundo querer fazer ação política”.
Beto Almeida ainda destaca que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem sido cauteloso com relação ao tema e prefere afirmar que o foco agora é pensar no enfrentamento à crise e deixar o calendário eleitoral correr normalmente. Por fim, Beto diz que “a tendência é esse debate ganhar cada vez mais adeptos, vamos aguardar porque ele pretende pegar fogo”.