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O investimento maciço em educação e o reforço na fiscalização são essenciais para consolidar a economia verde em todo o planeta. A avaliação é de representantes de países do continente americano que participam, nesta segunda-feira (24), da 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde, em Fortaleza.

De acordo com ministros, diretores e especialistas que falaram no primeiro dia do evento, os países que conciliaram ações educativas e estimularam o diálogo entre o setor produtivo e a sociedade civil não têm enfrentado resistências em introduzir práticas ambientalmente corretas, que reduzam a poluição e garantam o desenvolvimento sustentável.

“Introduzimos um Programa Nacional de Produção e Consumo Sustentável e um Programa de Turismo Sustentável. Somos um pequeno país que tem desafio. Há vários anos registramos crescimento de 7% do PIB [Produto Interno Bruto], em boa parte impulsionado pelo turismo. É fundamental que o turismo seja comprometido com o meio ambiente”, disse o diretor de Desenvolvimento Econômico e Social do Ministério da Economia da República Dominicana, Roberto Liz.

Diretora do Programa Nacional de Produção Mais Limpa da República Dominicana, Olga Rosario explicou que os hotéis e resorts do país deixaram de utilizar plástico descartável depois de uma campanha de conscientização. “Foi uma ação baseada na parceria e na cooperação. Com esclarecimento, conseguimos convencer o setor hoteleiro a reduzir a utilização de plástico”, recordou.

Cooperação

A ministra da Educação da Guiana, Nicolette Henry, disse que o país sul-americano, que faz fronteira com Roraima e Pará, conseguiu avanços importantes nos últimos anos aliando economia e educação ambiental. Segundo ela, um passo importante para convencer o setor produtivo a aderir ao desenvolvimento sustentável foi adotar um cronograma preparatório, que envolveu diálogo e ações educativas, antes de implementar medidas.

“Um dos mecanismos foi a colaboração, para que todas as partes interessadas pudessem estar engajadas no desenvolvimento de políticas. Se não tomarmos uma aproximação colaborativa, a implementação é muito mais desafiante. É preciso dar tempo. Estabelecer um cronograma é importante. Temos ações que começam em 2020, mas foram preparadas nos anos anteriores”, explicou.

Ela também defendeu o investimento em educação, para favorecer a conscientização tanto de empresários como da população menos instruída. “Com a economia verde, precisamos desenvolver habilidades, de modo que haja compensações [pelo abandono de um modo de vida]. Somente com educação, a população pode cooperar com novas ideias”, acrescentou

O vice-ministro do Meio Ambiente do Equador, Michael Castañeda, disse que o país, há uma década, estabeleceu parâmetros ambientais na Constituição. Ele, no entanto, disse que o governo tem procurado agir em parceria com a população, com total transparência nas ações. “Temos um trabalho de monitoramento nas áreas verdes, de sensibilização. A comunidade é parte da conservação. Isso é o que dá suporte à sustentabilidade e constrói um estilo de vida que respeita a natureza”, disse.

Rigor

Embora considerem a cooperação como elemento importante para o desenvolvimento sustentável, os países da região defenderam o rigor na fiscalização ambiental para combater irregularidades por quem insiste em infringir a lei.

“Tem gente que ainda não sabe da importância da economia ambiental. Nesse caso, cobramos multas muito severas. Atuamos para não chegar a isso, para que empresas manejem adequadamente os recursos. Esse, no entanto, deve ser um último recurso”, declarou o vice-ministro equatoriano.

“Por um lado, temos de educar todos os setores da sociedade para que todos tomem consciência do que é a sustentabilidade. Por outro, as regulações devem ser aplicadas de forma eficiente. A aplicação da lei deve ser estrita e severa porque, às vezes, precisamos de medidas coercitivas para que as economias possam desenvolver de forma sustentável”, disse o diretor do Ministério da Economia da República Dominicana.

A 1ª Conferência Ministerial Regional das Américas sobre Economia Verde começou hoje e vai até quarta-feira (26), na capital cearense. O encontro está sendo organizado pela World Green Economy Organization (WGEO) – Organização Mundial da Economia Verde –, pelo Escritório de Cooperação Sul-Sul da Organização das Nações Unidas (UNOSSC) e pelo Instituto Brasil África (Ibraf), com apoio do Governo do Ceará e em parceria com o Secretariado das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e com a International Solar Alliance (ISA).