Estou sendo egoísta? Ou estou me defendendo?
Ok, fui criada para ser altruísta, em meu mundinho perfeito (o mundinho de todos nós, há anos) egoísmo era palavrão, éramos incentivados a pensar no outro, fazer pelo outro, viver pelo outro e isso em determinado momento, fugiu ao controle. Como consequência: esquecemos de nós mesmos e justo em um momento em que o mundo mudou ou talvez tenha retroagido ao estado de selva, onde leões cada vez maiores e ferozes ameaçam a nossa vida e sobrevivência!
Desde os primórdios da nossa existência, fomos ensinados a valorizar o altruísmo e a preocupação com os outros. O conceito de colocar as necessidades dos outros antes das nossas foi incutido em nós desde a infância, moldando-nos em seres que buscam constantemente o bem-estar coletivo. No entanto, ao longo dos anos, essa ênfase excessiva no altruísmo nos levou a negligenciar nossas próprias necessidades e desejos, resultando em um desequilíbrio perigoso em nossas vidas.
É irônico pensar que, ao nos dedicarmos tanto aos outros, muitas vezes esquecemos de cuidar de nós mesmos. Perdidos em um ciclo interminável de dar sem receber, acabamos esgotando nossas próprias reservas de energia e vitalidade. Nossa saúde mental, emocional e física sofre, e nos encontramos presos em um estado de constante desgaste e insatisfação.
É nesse contexto que o egoísmo, muitas vezes visto como um traço negativo, pode, na verdade, desempenhar um papel crucial em nosso bem-estar pessoal. Ao reconhecer a importância de cuidar de nós mesmos e de satisfazer nossas próprias necessidades, podemos restaurar o equilíbrio em nossas vidas e cultivar uma sensação mais profunda de autoestima e realização.
Praticar o egoísmo de forma saudável não significa abandonar completamente o altruísmo ou ignorar as necessidades dos outros. Pelo contrário, significa reconhecer que só podemos verdadeiramente ajudar os outros quando estamos em um estado de saúde e plenitude pessoal. Assim como em um avião, onde nos é ensinado a colocar a máscara de oxigênio em nós mesmos antes de ajudar os outros, precisamos garantir nossa própria sobrevivência e bem-estar antes de podermos verdadeiramente contribuir para o bem-estar dos outros.
Ao praticarmos o egoísmo de forma equilibrada, podemos aprender a estabelecer limites saudáveis, a dizer “não” quando necessário e a priorizar nossas próprias necessidades sem culpa ou remorso. Isso não só fortalece nossa autoestima e autoconfiança, mas também nos capacita a ser mais eficazes e capacitados em nossas interações com os outros.
Além disso, ao cultivarmos um maior senso de autoconhecimento e autocompaixão, podemos desenvolver relacionamentos mais autênticos e significativos com os outros. Ao invés de nos sacrificarmos em prol dos outros, podemos aprender a estabelecer relacionamentos baseados na reciprocidade, onde há espaço para dar e receber de forma equitativa.
Em última análise, o equilíbrio entre o altruísmo e o egoísmo é essencial para o nosso bem-estar pessoal e para o bem-estar da sociedade como um todo. Ao reconhecer a importância de cuidar de nós mesmos e de satisfazer nossas próprias necessidades, podemos nos tornar seres mais completos e compassivos, capazes de contribuir de forma mais significativa para o mundo ao nosso redor.
Portanto, que possamos repensar nossa relação com o egoísmo e reconhecer sua importância na busca por um equilíbrio saudável e sustentável em nossas vidas. Pois só quando cuidamos de nós mesmos podemos verdadeiramente cuidar dos outros e do mundo ao nosso redor.
Além disso, ao olharmos para o egoísmo com uma nova perspectiva, podemos reconhecer que a prática do autocuidado não exclui necessariamente o cuidado com os outros. Na verdade, ao cuidarmos de nós mesmos de forma holística e equilibrada, estamos em melhor posição para ajudar e apoiar aqueles ao nosso redor.
Portanto, ao invés de demonizar o egoísmo, devemos reconhecê-lo como uma parte natural da condição humana e canalizá-lo de forma construtiva em direção ao bem comum. Somente através da colaboração, compaixão e solidariedade podemos construir um mundo mais justo, inclusivo e sustentável para todos.
Anote as dicas:
Pratique o autocuidado sem culpa: Reconheça que cuidar de si mesmo é fundamental para o bem-estar pessoal e não é egoísta. Reserve tempo para atividades que promovam sua saúde física, mental e emocional, sem se sentir culpado por isso.
Estabeleça limites saudáveis: Aprenda a dizer “não” quando necessário e defina limites claros em seus relacionamentos e compromissos. Isso ajuda a preservar sua energia e evitar sobrecarregar-se em detrimento de si mesmo.
Defina metas pessoais e profissionais: Identifique seus objetivos e prioridades na vida e trabalhe ativamente para alcançá-los. Isso ajuda a manter o foco em suas próprias necessidades e aspirações, sem se deixar distrair pelo que os outros esperam de você.
Seja assertivo na busca pelos seus interesses: Não tenha medo de buscar oportunidades que beneficiem você pessoalmente, seja no trabalho, nos relacionamentos ou em outras áreas da vida. Seja claro sobre suas necessidades e defenda seus interesses de forma respeitosa, mas firme.
Cultive relacionamentos saudáveis: Valorize os relacionamentos que são mutuamente benéficos e nutritivos, onde há espaço para crescimento pessoal e apoio mútuo. Priorize conexões que tragam alegria, apoio e inspiração para sua vida.
Aprenda a delegar: Reconheça que você não precisa fazer tudo sozinho. Aprenda a delegar tarefas e responsabilidades sempre que possível, liberando tempo e energia para se concentrar no que realmente importa para você, neste novo momento em que você está se colocando no pódio e não apenas contribuindo para que outros subam.
Busque oportunidades de aprendizado e crescimento: Esteja aberto a novas experiências e oportunidades que possam enriquecer sua vida e expandir seus horizontes. Invista em seu desenvolvimento pessoal e profissional para alcançar seu pleno potencial.
Pratique a gratidão: Cultive uma mentalidade de gratidão, reconhecendo e apreciando as coisas boas que você tem em sua vida. Isso ajuda a manter uma perspectiva positiva e a fortalecer sua resiliência diante dos desafios.
Busque equilíbrio em todas as áreas da vida: Procure um equilíbrio saudável entre trabalho, lazer, relacionamentos e autocuidado. Priorize suas necessidades sem negligenciar as outras áreas importantes da vida.
Seja gentil consigo mesmo: Permita-se cometer erros e aprender com eles. Pratique a autocompaixão e seja gentil consigo mesmo nas horas difíceis. Lembre-se de que você é humano e merece amor e aceitação, assim como qualquer outra pessoa.
Ao seguir essas dicas, você pode usar o egoísmo de uma maneira que promova seu próprio bem-estar e crescimento pessoal, ao mesmo tempo em que respeita e valoriza os outros ao seu redor.
(*)com informação do Jornal Extra