Os dirigentes estaduais do PDT dedicaram muitas horas para avaliar o melhor caminho na sucessão do prefeito Roberto Cláudio. As pesquisas – quantitativas e qualitativas – com um retrato real do sentimento dos eleitores, guiaram os pedetistas ao nome do presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto, como a melhor opção para chegar ao segundo turno da eleição à Prefeitura de Fortaleza. Há, também, o peso de muitos fatores políticos.
Médico, habilidoso, homem de diálogo, paciente e bom articulador político, Sarto se diferenciou dos demais pré-candidatos porque é inserido em um importante segmento do eleitorado que tem força a caminho da urna e apresenta forte tendência de engajamento à candidatura adversária do Capitão Wagner, do PROS. Eu falo dos evangélicos. Sarto, por formação, é um deles.
O Capitão atraiu o Republicanos, braço político da Igreja Universal do Reino de Deus, que possui mais de uma centena de templos em Fortaleza, além de construir um canal importante com outras congregações – como, por exemplo, Assembleia de Deus. Dois líderes nessa área – deputado federal Jaziel Pereira e deputada estadual Dra. Silvana, aderiram à candidatura de Wagner e cumprem relevante papel na busca do voto dos evangélicos.
DESLIZE DO ROBERTO
O prefeito Roberto Cláudio não conseguiu manter, em sua base de apoio político, o Republicanos, que, sob a liderança do pastor e suplente de deputado federal Ronaldo Martins, desembarcou no palanque do Capitão Wagner. Roberto tentou reverter o quadro, mas o grito de descontentamento de Ronaldo ecoou e o cansaço pela indiferença do Paço Municipal o fizeram mudar de rota. Um prejuízo imensurável no projeto para o PDT se manter no Poder.
O estrago político e pré-eleitoral que Roberto Cláudio não conseguiu conter poderá ser neutralizado, em parte, pela habilidade de José Sarto nas articulações com pastores de muitas congregações evangélicas. A importância dos líderes religiosos está no poder de convencimento e mobilização dos seus rebanhos.
São milhares e milhares de votantes que, na véspera de uma eleição, atendem ao chamado para não faltar, nem deixar ir embora o voto de quem está na dúvida. Com uma eleição marcada pela ameaça de elevada abstenção por conta da pandemia da Covid-19, os fiéis votos evangélicos podem fazer a diferença no resultado final da eleição.
ENGAJAMENTO DE CAMILO
Com altos índices de aprovação administrativa na Grande Fortaleza, o Governador Camilo Santana carrega a frustração de não ter conseguido garantir o PT na aliança com o PDT no primeiro turno da eleição na Capital. Camilo tentou, conversou com o ex-presidente Lula, ponderou com a deputada federal e pré-candidata Luizianne Lins, mas – até este momento, não transformou em realidade o seu maior desejo nas eleições de 2020: unir a base que o apoio na corrida pela Prefeitura de Fortaleza. Luizianne, derrotada em 2012 e 2016, guardou mágoa e, nesta eleição, tenta dar o troco.
Camilo garantiu, pelo menos, nas conversas com Luizianne, um pacto de não-agressão. Isso, porque, o inimigo não está na base de Camilo e do PDT, mas sim do outro lado: o Capitão Wagner. O pacto de não-agressão ganhou ainda mais força porque Luizianne sempre manteve diálogo e uma boa convivência com o hoje pré-candidato do PDT, José Sarto. Se Sarto chegar ao segundo turno, Luizianne deverá apoiá-lo. O inverso, também, passa a ser verdadeiro.
FATOR ÉLCIO BATISTA
Ao falar após anunciado como pré-candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo deputado José Sarto, o sociólogo Élcio Batista expôs a sua gratidão a quem o proporcionou ascensão na vida pública e política: o ex-deputado estadual Eudoro Santana, pai de Camilo. Élcio foi um dos mais próximos assessores do Governo do Estado nos últimos seis anos e a sua presença na chapa com José Sarto sela ainda mais a aliança de Camilo com o PDT. A vitória na Capital consolida, também, a caminhada de Camilo ao Senado em 2022.