A disputa pelo poder aflorou antes mesmo da definição sobre o destino do presidente Michel Temer. Se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar, no próximo dia 6, a chapa Dilma-Temer, o que levará a ser decretada a vacância do cargo, o novo presidente da República será escolhido por meio de uma eleição indireta, com a participação dos 513 deputados federais e 81 senadores.
O ambiente de incerteza deflagrar articulações e reuniões sobre o novo cenário e, com isso, surgem nomes como opções para a eleição indireta. No jogo, está o nome do cearense Tasso Jereissati que atualmente exerce o segundo mandato de senador. Tasso, ex-governador em três mandatos, vem participando das articulações e, nos últimos dias, ao se inserir com mais força nos bastidores políticos, acabou por gerar ciúmes dentro e fora do PSDB.
Uma reportagem do Jornal O Estado de São Paulo, edição desta terça-feira, mostra o contexto do ciúme e da corrida pelo poder em plena crise política. Segundo a reportagem, ‘’a articulação do PSDB para lançar a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência da República na hipótese de uma eleição indireta causou mal-estar com o DEM, irritou o PMDB e já é questionada até por tucanos’’.
Os aliados, de acordo com a reportagem, avaliam que Tasso, presidente interino da sigla, avançou o sinal ao promover na terça-feira passada, em São Paulo, uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, o prefeito João Doria e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – todos correligionários – para discutir o assunto. O texto afirma, ainda, que ‘’o dia seguinte ao encontro, que ocorreu no apartamento do ex-presidente em São Paulo, Alckmin “lançou” Tasso ao dizer publicamente que ele e Fernando Henrique Cardoso “são os grandes nomes” em uma eleição indireta no caso de interrupção do mandato de Michel Temer. A iniciativa foi mal recebida no Congresso.
A movimentação do tucano teve desdobramento e o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), telefonou, nesa segunda-feira, 29, para Tasso e pediu para que eles fizessem um esforço conjunto para um entendimento entre os dois partidos. Ouviu como resposta de Tasso que ele não seria candidato. Ambos reafirmaram que atuarão juntos na crise e tentarão encontrar um nome de consenso da base aliada para a eventualidade de queda do presidente, seja por renúncia ou cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
. O nome de Tasso como candidato ao “mandato-tampão”, caso ocorra uma eleição indireta, também está sendo questionado dentro PSDB. Parte da bancada na Câmara e líderes regionais do partido insistem em defender a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente, porém, rejeita a ideia. Outra ala tucana avalia que o partido não tem força para impor um nome ao Colégio Eleitoral, que é formado por deputados e senadores. “O PSDB tem 10% do Colégio Eleitoral. Ou seja: a chance é pequena. O mais aconselhável é liderar as reformas e se preparar para a eleição de 2018”, disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Reservadamente, deputados tucanos dizem que Tasso deve ser lançado à Presidência apenas para marcar posição. Eles lembram que na eleição direta os votos da Câmara, com 513 deputados, serão majoritários no Colégio Eleitoral. A bancada do PSDB na Câmara se reúne com Tasso nesta semana para discutir o assunto. Parte dos deputados ainda insiste que o partido entregue os cargos no governo.