O cientista político Murillo Aragão, fundador da Arko Advice, acredita que a melhora recente da economia deve enfraquecer as “candidaturas de ruptura”. Enquadram-se nesse perfil, pela definição do cientista político, as pré-candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

Segundo Aragão, o centro deverá ter um candidato forte. Hoje, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), são apontados como nomes desse campo. “O ambiente econômico teria que estar muito ruim para se apostar num candidato de ruptura. À medida que a economia melhora, a tendência é se buscar um candidato capaz de manter essa situação”, observa.

Aragão considera que “o  eleitorado de centro está acompanhando o andamento da disputa e não se posicionou. É cedo para tomar uma posição”, observa o cientista político para, em seguida destacar: “O Lula se beneficia do recall que tem. Bolsonaro foi quem mais aproveitou o desejo de renovação e antissistema político que existe na sociedade no momento. Então, é cedo para dizer que o centro está desidrato ou que não empolga. A hora que ficar mais claro quem é o candidato do centro, é provável que as pesquisas começam a apresentar um outro desempenho”.

Ao ser questionado sobre a eventual exclusão de Lula da disputa pela Presidência da República – Lula foi condenado em segunda instância e se tornou inelegível dentro da lei da Ficha Limpa, Murillo Aragão afirma que é natural os votos atribuídos ao petista serem herdados por Ciro Gomes e Marina Silva. ‘’É natural, mas não acho que eles sejam beneficiados na integralidade. Tem gente que vota no Lula não por afinidade ideológica ou programática, mas sim por afinidade carismática. Eles vão atrás de outros candidatos, não necessariamente Ciro ou  Marina. Acho que há uma afinidade, sim, ideológica por parte do eleitorado, mas não é na integralidade’’.

Murillo disse, ainda, na entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, edição desta quinta-feira, que ‘’se  a economia melhora, para o eleitorado é mais confortável uma solução que mantenha o bom ambiente econômico e a boa recuperação econômica. E não apostar em candidatos de ruptura’’. Com esse pensamento, Aragão diagnostica: “Hoje Lula, Ciro e Bolsonaro são candidatos de ruptura. O ambiente econômico teria que estar muito ruim para apostar num candidato de ruptura. A medida que a economia melhora, a tendência é se buscar um candidato capaz de manter a melhora. O centro terá um candidato forte em algum momento”.