“Isso só enfraquece o partido” . A declaração é do deputado federal Heitor Freire sobre o conflito interno no PSL com os deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante. Em entrevista ao Alerta Geral, nesta segunda-feira, Heitor afirmou que as divergências são fruto da sua não concordância com certos entendimentos e atitudes dos colegas de partido:

‘’Tudo isso começou quando quiseram ser candidato a prefeitura de Fortaleza, quando quiseram um diretório aqui em Fortaleza e quando eu dou um diretório depois eu não posso mover, fico sem poder, durante dois anos, e aí eles podem lançar candidato e a candidatura de Fortaleza era a mais importante. Na época que o André era presidente, ele queria um diretório, ventilava que seria candidato e eu fui contra’’.

Entrevistado pelos jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida, o presidente estadual do Partido Social Liberal comentou sobre as articulações com vistas às eleições de 2020 e afirmou que a sigla tem reunido nomes interessados e construído suas bases na Capital e no Interior para chegar forte na corrida pela Prefeituras e Câmaras de Vereadores.

Relação com Jair Bolsonaro

Ao ser questionado sobre o cenário nacional, com os conflitos entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Executiva do PSL, Luciano Bivar,  Heitor Freire afirmou que continua na base aliada e segue apoiando o presidente Jair Bolsonaro. Além da relação com o governo federal, após o racha no partido, Heitor esclareceu polêmicas que o levaram ao centro dos debates sobre a divisão no PSL.

“A mídia gosta muito de sensacionalizar e gosta também de polarizar, mas assim a verdade é que existem disputas, existiu em, um certo momento, mas ninguém saiu da base de apoio do governo Bolsonaro não. Um parlamentar   mostra sua fidelidade nas suas votações. 100% das minhas votações tem sido de acordo com o governo Bolsonaro, então, eu tô muito tranquilo quanto a isso, semanalmente estou em comissões defendendo o governo, defendendo o nosso presidente, não sai da base, continua aliado ao nosso presidente Bolsonaro”

Apesar do conflito interno, Heitor garantiu que permanece como um defensor do presidente Jair. Ele definiu como “desnecessário” alçar um novo nome à presidência do partido, tendo em vista que as eleições internas das siglas ocorrem sempre em dezembro. “De onde eu venho, acordo no fio do bigode não se quebra”, disse o deputado ao falar sobre o compromisso que tinha firmado com o Delegado Waldir, o qual semanas depois viria a sair do cargo e apoiar Eduardo Bolsonaro.

Conversa vazada

Sobre as acusações sofridas de que teria vazado uma conversa privada com o presidente Jair Bolsonaro manifestando seu desejo de tomar a liderança nacional do PSL, Heitor Freire negou e declarou ter entrado com processo na instância cível e criminal contra parlamentares que lhe acusaram de forma indevida:

“Os que me conhecem sabem da minha índole e sabem do meu relacionamento com o presidente Jair Bolsonaro. Eu já conheço Jair Bolsonaro há quatro, cinco anos, eu já estive em muitas reuniões sensíveis com ele e agora eu ia liberar uma informação tão idiota, tão fútil como era aquela?.  Até os jornais  citaram que o áudio estava cortado e editado, não dava pra saber a procedência daquele áudio”

Em meio as polêmicas, Heitor citou que o colega deputado estadual André Fernandes  agiu com irresponsabilidade quando o acusou de ser o autor do vazamento do áudio que registrava uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro . Heitor disse que já processou o colega parlamentar na instância cível e criminal. Acusado de traidor, ele questiona:

“Como eu sou traidor se 100% das minhas votações tem sido alinhadas com o governo Bolsonaro?”

Gastos com panfletos

Citado em uma reportagem do Jornal Estado de São Paulo como um dos deputados que teriam efetuado altos gastos com impressões de panfletos em uma gráfica de Brasília, com suspeita de ser  uma empresa fantasma, Heitor Freire esclareceu a questão para os ouvintes e internautas do Alerta Geral após ser indagado pelo jornalista Beto Almeida:

‘’Primeiramente, o proprietário dessa empresa (Max)…ele já fornece material na Câmara dos Deputados há quase duas décadas, ele é um conhecido fornecedor de produto na Câmara para deputados e senadores, ele não é ninguém desconhecido. Segundo, essa empresa, ela forneceu material pra centenas de deputados, porque somente citaram o meu nome? Tá na cara que foi uma matéria comprada, tendenciosa e editada, e digo mais, criminosa, porque nem direito de resposta me deram’’. Ele disse que a está processando o Jornal O Estado de São Paulo e afirmou que  “há alguém tentando lhe derrubar”.

Obras da transposição do Rio São Francisco

Questionado pelo jornalista Luzenor de Oliveira sobre o andamento das obras de transposição do Rio São Francisco, Heitor Freire admitiu que as águas não devem chegar em Jati no primeiro trimestre, como havia mencionado, mas pelo menos até maio, já dentro do semestre inicial de 2020:

‘’A missão do governo é trazer a água até o estado e depois como ela (água) vai ser utilizada, isso já é do governo estadual, então o governo vai trazer essa água até Jati e daí em diante é responsabilidade do governo estadual. O governo federal vai cumprir sua missão, vai colocar a água em Jati até o próximo semestre de 2020″.

Durante a entrevista, o deputado do PSL relevou estar a caminho de Brasília para articular com os demais colegas parlamentares a obstrução da pauta de votação até o presidente da Mesa Diretora da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), colocar na pauta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna mais claro o texto constitucional sobre a prisão dos condenados em segunda instância, a fim de reverter os efeitos da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal.