Sete Centrais Sindicais lançam nesta quarta-feira, 6, uma agenda comum a ser apresentada a todos os pré-candidatos à Presidência da República e ao Congresso. A iniciativa vem após o fim da cobrança do imposto sindical, abolido com a reforma trabalhista, aprovada em novembro do ano passado, e que tem feito os sindicatos passarem um perrengue.
A iniciativa, assinada por CUT, CTB, Intersindical, UGT, Força Sindical, CSB e NCST inclui a distribuição de 11 milhões de panfletos aos trabalhadores. Com 22 itens, a carta de compromissos será levada no dia 13 ao Congresso. Depois, apresentada individualmente aos candidatos. Entre as propostas, estão a revogação de medidas do governo Temer como a reforma trabalhista e o teto dos gastos, a retomada de obras de infraestrutura, a possibilidade de fixação de contribuição sindical em assembleias e a definição da jornada de trabalho em 40 horas semanais. Dirigentes sindicais lembram que, de 2002 a 2010, as Centrais apoiaram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff na corrida pelo Planalto.
Na reeleição de Dilma e no processo de impeachment da ex-presidenta, essas entidades se distanciaram. Mas se aproximaram após as reformas implementadas pelo governo Temer. Reunidas novamente, as Centrais estudam até a convocação de uma greve geral após a Copa do Mundo.
Presidente da Intersindical, Edson Carneiro Índio afirma que a ideia é que o documento paute as mobilizações. Segundo ele, a intensidade das mobilizações dependerá do clima nacional após a Copa. “Essa é uma plataforma a ser apresentada aos candidatos”, diz Índio, que é filiado ao PSOL. Filiado ao PSD e apoiador da candidatura do tucano João Dória ao governo de São Paulo, o presidente da UGT, Ricardo Patah, afirma que a atuação conjunta das centrais permite maior mobilização e visibilidade às Centrais. “A desagregação só nos traz prejuízos”, disse Patah.
A falta de recursos pesou para a reunificação das Centrais Sindicais. Com o fim da contribuição sindical, as Centrais perderam sua principal fonte de financiamento. Hoje, além de contestar a decisão na Justiça, reivindicam a regulamentação de cobrança de contribuição assistencial desde que aprovada em assembleia. O segundo item da agenda prevê o incentivo a negociações coletivas e estímulo à “cooperação sindical entre os trabalhadores, inclusive com o financiamento solidário e democraticamente definido em assembleia”.
Em sua apresentação, a agenda prega o entendimento. “As adversidades do presente e as incertezas do futuro não devem provocar a interdição do debate e do diálogo ou produzir intolerância, pois nessa situação podemos ser conduzidos a tragédias econômicas, sociais e políticas, contexto no qual todos perdem”, diz o texto. Ligada ao PT, a CUT endossa o documento, que pretende “mobilizar os trabalhadores para seu protagonismo propositivo”. “O tempo presente é tomado por iniciativas para romper o diálogo e a negociação e para desmontar o sistema de proteção social e trabalhista, criado por meio de árduas lutas dos trabalhadores”.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo