Em cinco anos, a diferença salarial entre homens e mulheres no Ceará caiu de 14,5% para 12,6%. Em 2018, o rendimento bruto dos homens era de R$ 2.185,6 e das mulheres R$ 1.791,9, passando a ser R$ 2.111,0 e R$ 1.844,1, em 2023, respectivamente.

O rendimento bruto médio real das mulheres em relação ao dos homens é superior no Ceará, quando comparado ao Brasil, cuja média no período 2012-2023 foi de 78,3%, e ligeiramente superior no Nordeste (86,9%), no mesmo período.

A variação do rendimento bruto mensal de homens e mulheres entre 2022 e 2023, no Ceará, portanto no período pós pandemia (Covid-19), mostra crescimento de 7,49% para as mulheres e de 4,84% para os homens. Os dados estão no Enfoque Econômico (Nº 273/março de 2024), do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

O estudo, que tem como autor o analista de Políticas Públicas Victor Hugo de Oliveira, revela também que o percentual do rendimento bruto médio real das mulheres com relação ao dos homens por cor/raça é historicamente mais elevado para as mulheres negras quando comparadas as mulheres brancas no Ceará.

“Esse percentual se manteve crescente para as mulheres negras, mas decrescente para as mulheres brancas. Entre 2013 e 2023, o rendimento bruto médio real das mulheres brancas caiu 2% em relação ao dos homens (saindo de 83% para 81%), enquanto houve aumento de 2% para as mulheres negras (saindo de 87% para 89%)”.

Ao analisar o diferencial de rendimento entre gênero nos setores formal e informal do mercado de trabalho cearense, o estudo constata que no formal o rendimento bruto médio real das mulheres alcança cerca 90% do rendimento bruto médio real dos homens.

Esse percentual cresceu 1% entre 2013 e 2023, saindo de 92% para 93%. Porém, o rendimento bruto médio mensal real das mulheres no setor informal decresceu 5% em relação ao rendimento bruto médio mensal real dos homens. Entre 2013 e 2013, o percentual variou de 86% para 81%.

O Estudo

Apesar do aumento da participação feminina no mercado de trabalho, as desigualdades de rendimento entre gêneros são persistentes ao longo dos anos no Brasil, onde as mulheres tendem a apresentar médias salariais inferiores à dos homens apesar do aumento da participação feminina. As diferenças salariais, de acordo com o estudo, podem estar associadas às diferenças de produtividade, em geral relacionadas às diferenças de capital humano; à segregação ocupacional; ou às preferências pelo lado da demanda por trabalhador que podem gerar a discriminação de gênero no mercado de trabalho.

O estudo do Ipece busca apresentar as diferenças de rendimento bruto médio real de todos os trabalhos entre gêneros no Ceará para o período 2012-2023, tendo como base dados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). As informações se restringem à população residente do Ceará na faixa etária de 15 a 65 anos de idade. Os dados de rendimento por trimestres foram deflacionados segundos deflatores da PNADC considerando a média do deflator em 2023 como referência. Em seguida, tomou-se a média do rendimento real para cada ano da série para obtermos a série anualizada.

Vale salientar que a comparação das séries de rendimento bruto médio real entre gêneros não leva em conta as possíveis diferenças em termos de capital humano, experiência de trabalho, e outros fatores que podem influenciar a desigualdade de renda entre gêneros. Esse tipo de análise necessita de modelagem econométrica apropriada para a interpretação das evidências. O estudo atual , realizado pela Disoc, que tem como titular o professor José Meneleu Neto, objetiva mostrar apenas como tem se comportado o diferencial de rendimentos entre gênero ao longo da década de 2010 e início da década de 2020.